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“Mulher deveria apitar somente jogo de mulher”, diz diretor do Piauí Esporte Clube

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O caso de agressão à uma árbitra durante um campeonato de futsal na Universidade Federal do Delta (UFDPar), em Parnaíba, distante 339 km de Teresina, reacendeu o debate sobre o machismo praticado no Piauí. No estado que possui a maior taxa de feminicídio do Brasil, em crimes de gênero, a prática de comentários onde a legitimidade da vítima seja questionada e a culpa retirada do agressor causou debate nas redes sociais.

Desde a agressão, o assunto tomou de conta das redes sociais. Em grupos de Whatsapp compartilharam, na tarde desta terça-feira (04/06), prints de comentários do jornalista esportivo Reinaldo Barros Torres. Ele se identifica, em seu perfil no Instagram, como editor de um portal que cobre esporte, apresentador de um canal de TV online e dirigente de um dos clubes mais tradicionais de Teresina: diretor de comunicação do Piauí Esporte Clube.

Perfil de Reinaldo Barros Torres no Instagram (Foto: Reprodução)

“Mulher deveria apitar somente jogo de mulher. Seria mais fácil”

Ele usou de sua conta no Instagram para comentar no perfil da Federação Piauiense de Fut7, que havia divulgado uma nota de repúdio à agressão do universitário na árbitra, o seguinte: “Mulher deveria apitar somente jogo de mulher. Seria mais fácil”. No que desencadeou um festival de respostas negativas ao seu comentário: “Comentário desnecessário e machista”, disse um. “Nenhuma profissão se resume a homem trabalhar somente com homem e mulher com mulher. Segundo, que nada justifica uma agressão, que é o que vc está tentando fazer. Ela estava EXERCENDO A FUNÇÃO que é gabaritada e foi treinada, assim como todos os outros árbitros do Estado, a fazer”.

“Como podem contratar alguém assim Piauí Esporte Clube?” 

Teve ainda quem questionasse o fato de ele falar mesmo representando um time de futebol profissional do estado: “Pior AINDA é um comentário vindo de um DIRETOR de time de futebol”, respondeu uma das seguidoras. “Como podem contratar alguém assim Piauí Esporte Clube?”, questionou outro seguidor, marcando o perfil do time. “Ainda é diretor de comunicação do Piauí Esporte Clube. Machista idiota! Mulher tem que apitar jogo sim, e inclusive uma mulher deveria assumir seu cargo, que concerteza vai se sair muito melhor que vc”, rebateu mais um perfil no Instagram.

Postagem feita no perfil da Federação Piauiense de Fut7 e o comentário de Reinaldo (Foto: Reprodução)

Jornalista mulher rebate e ele dispara: “Vá praticar balé” 

Reinaldo parece ter acompanhado a repercussão do que ele mesmo comentou. E respondeu algumas das pessoas, pessoalmente: “Meu comentário é sim extremamente necessário”, reafirmou. “Mulher é mulher, homem é homem. Cada um no seu lugar. A agressão é repudiavel, mas o bom senso dos organizadores da competição em não colocar mulher para apitar jogo de homens deveria estar em pauta”, insistiu. “Se meu comentário é machista ou seu é feministas, só isso”, se defendeu. Ele até discutiu com uma colega jornalista, Neyla, que faz jornalismo esportivo para a TV Assembleia. Ela disse que “nenhuma profissão se resume a homem trabalhar somente com homem e mulher com mulher”. No que ele respondeu o seguinte: “Vá praticar balé”.

Comentário feito por Reinaldo Barros Torres gerou muitas críticas (Foto: Reprodução)

Jornalistas esportivos se revoltam: “Lave sua boca” 

Colegas jornalistas entraram no debate defendendo Neyla e criticando duramente o posicionamento do diretor de comunicação do Piauí Esporte Clube, como o jornalista Fábio Lima, que é produtor na TV Cidade Verde e tem um blog de esportes no portal da emissora: “Na verdade, existem duas pessoas erradas nessa história: o agressor e agora o Reinaldo, que é assessor de imprensa do Piauí Esporte Clube, mas já provou aqui por A + B que não sabe nada dos valores do esporte. Lave sua boca antes de falar qualquer coisa pra uma das melhores profissionais desse estado. Se você não consegue debater com os outros sem descer o nível, saia do debate”. Confira abaixo o print do comentário feito por Reinaldo Barros Torres e alguns dos comentários feitos na página da  Federação Piauiense de Fut7:

Desigualdade social, cultural e histórica

Procurada pelo OitoMeia, a advogada Michelle Fontes Tourinho, que acompanha casos de agressão a mulher e tem várias clientes que relatam o machismo existente na sociedade, especialmente em Teresina, comentou o seguinte: “Comentários como o deste senhor reforçam uma desigualdade social, histórica e cultural. Na prática, o que muitos dos internautas que tentaram corrigir o jornalista quiseram dizer foi que a desigualdade de gênero tem motivações que não estão relacionadas apenas aos papéis sociais do “masculino” e feminino”, mas sim a uma relação de poder entre a vítima e agressor. Ou seja, essa é uma desigualdade social e histórica, que culturalmente, coloca mulheres em um lugar de submissão e menor poder em relação aos homens. O caso da agressão à árbitra Eliete não se trata de uma mulher vulnerável e incapaz de apitar uma partida entre homens, mas sim, de um homem contrariado que se utilizou da força física para intimidar a força moral da juíza”.

O que diz Reinaldo Barros Torres e o Piauí Esporte Clube

O OitoMeia entrou em contato com o jornalista Reinaldo Barros Torres através de um telefone celular que ele mesmo disponibiliza para que jornalistas entrem em contato para tratar do Piauí Esporte Clube, já que ele é “diretor de comunicação”. Ele também usa esse telefone para responder como “editor do portal Tribuna do Nordeste”. Numa primeira ligação feita pela reportagem do OitoMeia, o número foi atendido por um homem, mas que disse não ser Reinaldo Barros Torres. Este portal também tentou contato através das redes sociais (Facebook e Instagram), mas ele, apesar de ter visualizado as mensagens, preferiu não responder. O espaço continua aberto caso Reinaldo Barros Torres queira se manifestar. Como ele responde pelo clube, também não foi possível pegar uma versão oficial do que o Piauí Esporte Clube se posiciona diante o posicionamento de um dos seus dirigentes.

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Fonte: Oito Meia


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