PICOS | Alunos da rede estadual reclamam da dificuldade do ensino à distância

Um jovem da rede estadual de ensino, Carlos André, de 17 anos e morador do povoado Valparaíso, tem divulgado via WhatsApp uma insatisfação quanto ao novo método proposto pelo Governo Estadual para ensino-aprendizagem neste momento de pandemia: a educação à distância.

“A minha vivência enquanto estudante é muito complicada. Começa com a distância do local que estudo para minha casa. São mais de 20Km de distância. A gente tem que ir de ônibus, que passa às seis horas da manhã na pista. Para chegar na pista, são dois quilômetros caminhando a pé. Então tenho que acordar às 04h50 para chegar a tempo”, disse ele sobre suas dificuldades já rotineiras.

De acordo com ele, para quem não possui acesso à internet – como ele – é muito complicado fazer uso da plataforma proposta pelo governo. Ele também menciona o fato de morar distante da escola – na zona rural – e não ter condições de ir à cidade diariamente, pagando locomoção.

“Faço rede de computadores. Por não ter computador em casa, já é outra dificuldade. Consegui acesso à internet com um vizinho, que mora um pouco longe da minha casa. Quando chove, a internet fica ruim. Há casos em que cai. Então é muito ruim ter que estudar assim. As secretarias de nossas escolas disseram que quem não tivesse acesso à internet receberia o material impresso, mas como eu falei sobre distância da minha casa e falta de recursos para ficar pagando carro para ir até Picos, não tenho como pegar esse material todo dia, já que não está tendo ônibus escolar para nos levar”, lamentou.

O jovem destacou que o problema vem sendo enfrentado por alunos de diversas escolas da rede municipal de ensino. “Não é somente eu que enfrento essas dificuldades. Há um colega de classe que passa pelo mesmo. Além de alunos de outros colégios. Muitos passam por isso calados, pois não têm coragem de falar”.

O estudante Rikelmo Braga, 16 anos, também assistido pelo governo Estadual, afirmou que as reclamações sobre o novo método de ensino têm sido constantes e de diversos alunos. Ele mencionou que nem os próprios professores sabem manusear a plataforma corretamente.

“Sou líder de turma e tenho visto em meu grupo muitas reclamações em relação à esse novo método de ensino. Muitos estão tendo dificuldade até para entrar na plataforma e continuar acessando. Além de que é muito burocrática para utilizar as ferramentas. Eu, particularmente, achei muito ruim esse método. Eles acham que a gente vai conseguir acompanhar e suprir a necessidade da aula presencial. Mas não é a mesma coisa. A gente sempre precisa do auxílio de um professor. Até mesmo os professores não estão conseguindo entrar na plataforma para acompanhar. Aí você tira a gravidade disso”, destacou.

Ele disse ainda que é fácil estudar à distância na teoria, mas quando se parte para a prática, as coisas mudam radicalmente.

“Vai ser complicado acompanhar o ano letivo através dessa plataforma. Descarto qualquer comentário que diga que é legal acompanhar através dessa plataforma, porque não é. Além de que muitos alunos nem têm acesso à internet. Na teoria é muito fácil, mas quando a gente põe na prática é tudo muito difícil”, disse.

A reportagem do Cidadesnanet apurou ainda que há escolas da rede estadual que nem acesso à plataforma tiveram e que os professores têm gravado vídeos e enviado aos alunos para que estes assistam e aprendam de casa.