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A realidade de piauienses que moram longe e tiveram que adiar o retorno à sua terra; veja relatos!

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O tão esperado e planejado retorno à terra natal teve que ser mais uma vez adiado. Os abraços, reencontros, momentos de rever e matar a saudade de familiares e amigos, ficarão para depois. No coração de quem vivenciaria esses momentos, resta a tristeza.

Anualmente a equipe do Portal Cidades na Net costuma retratar a história de vários piauienses que deixam sua cidade natal em busca de oportunidades de trabalho e pelo desejo de realizar sonhos. Mas desta vez, a situação é diferente.

Hoje, devido a situação que o mundo enfrente por conta da pandemia do Novo Coronavírus, diversos piauienses que moram longe e planejavam voltar à sua terra natal em 2020, tiveram que adiar não só uma viagem, mas o sonho de pisar novamente em seu chão e rever a família.

As histórias são muitas, os relatos emocionam. Muitos corações estão apertados de saudade. Saudade que terá que ser guardada mais um pouquinho, até que tudo fique bem e novas oportunidades surjam.

Morando há 10 anos em São Paulo, a picoense Edilma de Sousa. S. Lopes, está entre as pessoas que viajariam para o Piauí este ano. Ela viria para Jaicós, onde morou por vários anos e onde vivem alguns de seus familiares.

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A jovem, desde que foi para São Paulo, em 2010, visitou o Piauí apenas uma vez e aguardava ansiosamente por mais uma oportunidade. “Vim pra São Paulo em dezembro de 2010, esse ano faço 10 anos que moro em são Paulo, na Vila Alpina. Fui em Jaicós somente uma vez, que foi em setembro de 2015, vou fazer 5 anos que não fui na minha terrinha. Não planejei essa viagem, mas estava esperando uma oportunidade de ir. Como sai do trabalho, tive essa oportunidade de ir esse ano para Jaicós” contou.

Infelizmente, casos começaram a aparecer em São Paulo e ela e a mãe, com quem viajaria, tiveram que mudar os planos. “Tava tão ansiosa, tão feliz, ia viajar com minha mãe que mora no município Pratânia em São Paulo. Compramos a passagem no começo de fevereiro, para viajar dia 1 de abril. Ainda não tinha casos do Covid-19, mas quando foi dia 24 de fevereiro teve o primeiro caso em São Paulo. Até aí a população de São Paulo ainda estava tranquila, mas com o passar dos dias foi só aumentando os números de casos em São Paulo e em outros estados e foi aí que bateu um medo, uma insegurança de viajar, não só por mim, mas pela minha mãe que já tem 62 anos é e considerada grupo de risco pela Organização  Mundial de Saúde (OMS)”.

A viagem, tão sonhada, teve que ser cancelada. “Dia  17 de Março de 2020 resolvi adiar a passagem e quando cheguei na rodoviária do Tietê, perguntei pra atendente como tava as viagens, se tinha muito cancelamentos, ela respondeu que tinha poucos, mas logo em seguida o chefe dela falou que não poderia mais vender passagem pro Rio de Janeiro, pois a rodoviária de lá estava fechada, ninguém entrava e nem saia. Foi aí que resolvi cancelar, pois não temos previsão do dia que tudo isso voltaria ao normal”.

Para Edilma, foi uma decisão difícil. Ela, além de voltar a Jaicós, mataria a saudade da mãe, que não vê há 1 ano. “Cancelar a viagem foi algo muito difícil, foi um sonho que acabou tão rápido, chorei muito. Minha mãe viria de Pratânia para sairmos de São Paulo para Jaicós e com tudo isso que está acontecendo ela não pode vir. Já tem um ano que não a vejo. Meu pai, que mora em Franco da Rocha, 54 km de onde eu moro, eu via quase todos os finais de semana, mas agora já tem dois meses que não o vejo. Minha irmã mora no mesmo bairro, ainda conseguimos nos ver, mas sem abraços e mantendo a distância.  A maior parte da minha família, que mora em Jaicós, não vejo há cinco anos.  É muito difícil passar por isso, quem me conhece sabe o quanto sou afetuosa, gosto de abraços, gosto de dar carinho e receber, acho que a maioria dos brasileiros é assim, mas creio e tenho fé que tudo vai passar. Nesse momento é preciso adiar o abraço para que mais na frente não nos falte ninguém para abraçar” relatou com emoção.

Noilda de Sousa, que mora em São Paulo há 6 anos, também planejava vir a Jaicós em abril. “Moro em São Paulo há 6 anos na cidade de São Bernardo do Campo. Eu não vejo minha família desde 2018. Em fevereiro comecei programar minha viagem para Jaicós, que ia acontecer no mês de abril que seria minhas férias. Até então não havia nenhum caso de Coronavírus no Brasil, mas no final de março a situação começou a ficar crítica. Já estava tudo certo, passagens compradas, reservas de carro, mas tive que cancelar tudo” disse.

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Noilda decidiu também cancelar a viagem porque trabalha no serviço considerado essencial e não pôde cumprir quarentena. “Houve mudança de horário nos vôos que eu havia marcado, e também por que eu faço parte do grupo de pessoas considerado serviço essencial, então eu não estava cumprindo quarentena, por isso resolvi cancelar.  Para mim foi muito difícil, pois para quem mora longe o momento de rever a família é muito esperado, mas acredito que tudo isso logo vai passar e teremos outras oportunidades.  Saber que todos estão bem é o mais importante nesse momento” falou.

Outro caso é o da jovem professora e mestranda Tamires Barros. Ela é de Picos, mas mora em Pernambuco, onde cursa seu mestrado. Ela não pôde visitar a família este ano, mas mesmo assim, agradece pelo privilegio que tem de poder estar em isolamento. “Sou natural de Picos, mas já moro há mais de um ano aqui em Pernambuco, na cidade de Caruaru. Sai de casa em busca do sonho do mestrado, mas nada é mais importante agora do que cuidar da vida. A última vez que fui em Picos foi nas férias do ano passado e estava planejando visitar a família novamente na Semana Santa, mas não foi possível devido essa Pandemia. Já perdi a conta dos dias que estou em isolamento, e sou muito grata por poder me isolar, porque muitos infelizmente não podem (profissionais dos serviços essenciais), outros não tem condições ou onde se isolar. Isso é um privilégio que não é de todos, mas a atitude de se isolar representa empatia com todos eles” disse.

Em Pernambuco, a jovem não tem familiares, o que tem tornado o momento mais difícil. “Tem sido muito difícil enfrentar tudo isso distante da minha base familiar, das pessoas que são o sentido de eu estar onde estou. Tem dias que consigo fingir certa tranquilidade, ouvir uma música e ter esperança que dias melhores virão, mas outros não consigo controlar as crises de ansiedade, de preocupação. Eu estou bem fisicamente, mas muitas pessoas não estão e isso me afeta, a dor do outro também me causa dor. Esse momento tem nos ensinado o quanto precisamos uns dos outros para viver, nesse caso sobreviver a isso tudo”.

Por fim, Tamires disse que é necessário que colaboremos para que tudo passe logo. “Aqui em Pernambuco muitas pessoas de diferentes idades já morreram, ainda não temos ideia de tudo que esse vírus pode causar em nosso corpo. Fico triste com as pessoas que ainda não entenderam a gravidade da situação e põem em risco a sua vida e a dos outros, a ignorância e o egoísmo podem nos custar mais caro ainda nesse momento. Se puder ficar em casa fique para que possamos passar por tudo isso o quanto antes. Já dizia a música: “Vivemos esperando. Dias melhores. Dias de paz. Dias a mais. Dias que não deixaremos para trás. Mas para isso, essa mesma música nos diz: “Vivemos esperando. O dia em que seremos melhores, melhores no amor, melhores na dor, melhores em tudo”, acho que esses dias estão aí representados, que os dias melhores venham junto com aprendizado de sermos melhores” falou.

Ana Maria Souza, que é natural de Várzea Alegre, no Ceará, mas piauiense de coração, pois morou no estado desde a infância, também viajaria para Picos este ano. Ela reside em São Paulo desde 2016 e sempre procurava vir ao Piauí todos os anos, durante as férias.

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Este ano, ela planejava vir a Picos para ficar por mais tempo, pois queria cuidar da irmã que enfrenta um CA e do pai, que passa por problemas de saúde. “Eu queria muito ir para cuidar da minha irmã que está com CA e também pelo estado de saúde do meu pai, que já tem 89 anos, já foi internado varias vezes. Eu pedi as contas na empresa que trabalhava para poder ir, mas aconteceu a pandemia e atrapalhou a viagem. Foi frustrante para mim porque já estava planejando desde que soube que ela estava doente, em agosto do ano passado” contou.

Ana desistiu da viagem também pensando na família. “Eu desisti pelo medo de contrair e passar para minha família. Porque eu iria de ônibus e tive medo de alguém infectado passar para mim e quando chegasse no Piauí passasse a doença para minha família e principalmente meu pai e minha irmã,  que não aguentariam Está sendo difícil,  pois estou muito agoniada, querendo ir, sem trabalhar, trancada dentro de casa, mas para não correr o risco de passar a doença, foi preferível esperar” disse.

Ela disse que está sendo difícil e aguarda ansiosa o dia que poderá ir cuidar da família. “Está sendo doloroso, porque você se sente incapaz, que fazer algo, mas não pode. Agora estou aguardando ansiosa que acabe logo essa pandemia para que eu possa estar voltando. Mas é angustiante, pois fico aqui querendo ir cuidar de pessoas da minha família, mas não posso pelo risco de contrair uma doença, passar para eles e eles não resistirem. Estou aqui sem fazer nada, mas não posso ir ajudar eles. Mas vou ficar aguardando ver se tudo isso acaba para poder ir” concluiu.

Com certeza, existem muitas ouras histórias como essas. Histórias de saudade, de angústia. Mas, mesmo diante do caos, o que resta é manter a fé e esperança que dias melhores virão e que todos poderemos em breve nos encontrar, nos abraçar e estarmos juntos e felizes.

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