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Picos

No Dia do Porteiro, agentes de portaria do Hospital de Picos relatam como é estar na linha de frente

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Nesta terça-feira, 09 de maio, foi celebrado o Dia do Porteiro. Para muitos, uma função humilde. Por vários, desvalorizada. Contudo, nos mais diversos lugares, tais como condomínios, prédios públicos, empresas privadas, instituições de saúde, é ele o seu primeiro contato.

Não apenas está ali para ver quem entra e quem sai, mas para observar. É ele quem primeiro transmite “segurança” ao local. Como homenagem à classe, o Portal Cidadesnanet buscou relatos daqueles que, neste momento difícil de pandemia, têm persistido em manter a função ativa, “não abandonaram o barco” e continuam na linha de frente, junto aos muitos profissionais de saúde de Picos.

O agente de portaria Isaak Costa trabalha há oito meses no Hospital Regional de Picos. Ele contou à nossa reportagem que o trabalho foi uma oportunidade que ele teve para refletir sobre a vida.

“Este é o meu primeiro trabalho como agente de portaria. E posso dizer que é legal. No início eu não sabia se conseguiria trabalhar, porque sempre ficava nervoso em ver cenas com sangue, alguém acidentado, e até mesmo óbitos, mas isso mudou. Hoje a gente aqui na portaria, vendo quem entra e sai, temos tempo para refletir sobre nossas atitudes, podemos dar uma palavra de conforto quando tem alguém aflito, podemos refletir sobre quem somos. Me tornei um pouco mais humano”, disse.

O jovem, de 23 anos, nasceu em Teresina e morou boa parte da vida em Teresina. No ano passado, ele veio morar em Picos após seu casamento. Questionado sobre o preconceito à sua função, ele afirmou que já sofreu, mas que isso não interferiu na sua função.

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“Já sofri, em alguns momentos, preconceito por minha função. Acredito que há pessoas que acham que nossa profissão é inferior, mas não é. É uma profissão honesta, humanitária. E até entendo as vezes em que passei por esse tipo de situação. As pessoas chegam aqui fragilizadas, muitas delas chegam desesperadas, e querem que a gente realize ações que não são de nossa competência e, por isso, às vezes falam coisas desagradáveis. Mas a gente releva, porque, como eu disse, elas estão fragilizadas e a única coisa que podemos fazer é ficarmos calados, porque rebater não dá em nada, e nem é algo que vai interferir em quem eu sou”, declarou.

A reportagem do Cidadesnanet perguntou ao porteiro se, no início da pandemia, se sentiu à vontade em permanecer em sua função, sabendo dos riscos que correria estando na linha de frente junto aos profissionais de saúde. Isaak frisou que foi preciso apenas conhecimento sobre a doença para que o medo diminuísse.

“Com o início da pandemia, confesso que fiquei com muito medo. Eu pensei até em nem vir mais trabalhar, mas não poderia deixar meus colegas e nem meus coordenadores na mão. Esse é o momento que mais precisam de mim. Por ter alguns problemas respiratórios e não saber como o vírus agia, imaginei que esse fosse um fator de grande risco. Fiquei temeroso por mim, por minha esposa, mas aqui nós recebemos as orientações de como nos portar, e esse temor passou. Quando você começa a conhecer um pouco mais, começa a filtrar as informações que vê, você sabe como agir. A doença é séria, eu sei. Mas quando você toma todas as precauções certas, o medo e a porcentagem de transmissão diminuem”, frisou.

Ele disse que são distribuídos equipamentos de proteção individual aos agentes de portaria e todos são instruídos a se protegerem, por si e pelos demais. “Também estamos lidando com vidas e, por isso, é importante seguirmos as regras de prevenção”.

O supervisor de serviço de portaria do Hospital Regional Justino Luz de Picos, James Martins, reforçou a importância dos porteiros nas instituições de saúde que estão lidando com a pandemia.

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“Tudo o que é novo dá medo. Como não conhecíamos e estamos nesse primeiro contato com o vírus, tivemos sim medo. Mas, no decorrer dos dias, após instruções por parte da direção sobre a doença, de que modo poderíamos nos prevenir, o medo diminuiu. Tivemos palestras de como deveríamos utilizar os EPI’s e isso nos deu segurança. Ser agente de portaria é de extrema importância, principalmente em um momento delicado como o que estamos vivenciando”, disse.

O supervisor, que sempre dá suporte à equipe de portaria no período noturno, ressaltou que, mesmo em meio às dificuldades impostas pela doença, a classe ainda foi beneficiada com algo que lutavam há muito tempo: compreensão dos acompanhantes.

“Nesse período de pandemia, por mais complicada e séria a situação em todo o mundo, para nós, da portaria do hospital, tivemos um ponto positivo, pois o fluxo de pessoas diminuiu consideravelmente. A demanda de acompanhantes dentro do hospital diminuiu consideravelmente. Quando acontecia algum acidente, vinham muitas pessoas acompanhando e prejudicava de certa maneira nosso trabalho. Com a pandemia, o pessoal se conscientizou de que não dava para vir todos e teve uma redução enorme no fluxo. Esse foi um ponto positivo”, ressaltou.

O Portal Cidadesnanet destaca que, independente da profissão, o ser humano, enquanto trabalhador, deve ser tratado com respeito, especialmente todos os que estão na linha de frente, destacando os porteiros pela passagem do seu dia.

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