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JAICÓS | Com chuvas irregulares, agricultores já registram perda de 60% na safra de feijão

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O sertão piauiense vai registrar frustação na safra de milho e feijão este ano em alguns municípios. Os agricultores sofreram com chuvas irregulares e agora assistem com tristeza à perda da safra.

Jaicós, é uma das cidades atingidas. O município, que no ano de 2019, foi um dos três maiores produtores de feijão do Piauí, segundo dados do IBGE, neste ano de 2021 vivencia uma realidade um pouco diferente.

No campo, já há muito cultivo se perdendo, pois quando o plantio precisava de mais água, na época da floração, do pendão e da formação de sementes, as chuvas faltaram.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais e Trabalhadoras do município de Jaicós, Aldenides de Sousa Carvalho, o Manim, em entrevista ao Cidades na Net, disse que os agricultores já registram uma perda de 60% da safra de feijão.

Manim falou que muitos agricultores, este ano, poderão ficar sem nada. “A safra de feijão por enquanto já tem uma perda de 60%. Andando no interior do nosso município a gente vê os legumes murchos, que não vai ter feijão, o milho também quase todo perdido. Algum agricultor pode tirar um feijão para comer, mas tem outros que não vão tirar. Eu mesmo plantei um pouquinho, e pode ser que dê dois sacos de feijão, mas a maioria das pessoas vão ficar esse ano sem nada, porque a chuva foi irregular”.

Ele disse que a chuva foi mal distribuída, comprometendo a safra. “Choveu uma quantidade considerável, mas mal distribuída, e aí a safra está toda comprometida. Os agricultores vão passar por dificuldade, com a safra ruim e os barreiros que não criaram água. E Jaicós é um dos maiores produtores de feijão, mas esse ano foi devagar”.

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Aldenides disse que espera que no próximo ano, o cenário seja melhor. “Mas a gente espera que o próximo ano seja melhor que esse. E como representantes da classe trabalhadora estamos a disposição para ajudar os agricultores, pois só queremos o bem do nosso município”.

Adércio de Paiva, da localidade Gameleira, plantou sete tarefas de terra este ano, mas verá pouco resultado do seu trabalho. “A safra desse ano é perdida, porque o milho, o primeiro que plantei perdeu, o outro começou a pendoar agora, num tempo desse, aí não abre a folha mais nem de noite. O feijão também é fraco de mais, plantei três tarefas no primeiro, em dezembro, e vai dar uma base de 1 saco e meio. O novo, da segunda plantação, não vai dá nada, tá todo perdido, porque não tem mais como, está todo murcho, não choveu mais”.

Marcos Vinícius de Sousa, 25 anos, que planta na localidade Morrinhos, disse que o milho cultivado por ele e a família já pode ser considerado com perda total. “Esse ano foi negativo, a safra vai ser bem fraquinha, se tirar um saco ou mais um pouco é sorte mesmo. E o milho posso dizer que está perdido, porque precisaria de muita chuva ainda para poder colher. Plantei no começo de janeiro, mas o milho mesmo, com a falta de chuva, está quase morto”.

O jovem lamentou, mas disse que aguarda pelo próximo ano. “É uma pena essa perda, pois com a dificuldade que a gente está passando, e ainda sem um bom inverno, sem safra, fica ainda mais difícil. Mas vamos esperar 2022, pois a gente tem que ter a expectativa e plantar, pois é o que a gente faz todo ano, o que tem por certo”.

Gilvan de Figueredo, da localidade Serrota, que planta todos os anos, com a ajuda da esposa, disse que esse ano conseguiu apenas 4 sacos de feijão. “De 13 tarefas e meia que planto o que eu bati foi quatro sacos de feijão, sendo que em um bom ano o caba tira é muito feijão, dependendo do inverno”.

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O agricultor falou que ver o pouco que foi colhido, é motivo de tristeza. “E a gente se entristece, o tanto que a gente trabalha, pra ver uma bagatela dessa, é difícil. A vida da gente que trabalha na roça é difícil demais, porque o tanto que a gente sofre, e o que é da gente não tem valor, não é fácil não. Lembro que para trás já teve uns anos ruins, mas esse foi mais ainda, com essa pandemia”.

Dominga Martina da Costa, também da Serrota, agricultora há cerca de 20 anos, planta anualmente cinco tarefas, com a ajuda do filho de 15 anos. Este ano, porém, mãe e filho verão pouco resultado do trabalho realizado por eles.

Dominga disse que acredita que não chegará a conseguir sequer dois sacos de feijão. “Esse ano vai ser devagar por falta da chuva. A gente plantou muito e perdeu. No tempo que foi para o feijão nascer a chuvinha não veio, aí o feijão morreu. Depois a gente deu outra planta, e quando era para o feijão pegar o carrego a chuva faltou de novo. Aí de cinco tarefas de terra, eu acho que a gente não vai tirar nem dois sacos de feijão”.

Mas, apesar da dificuldade, a agricultora disse que é grata pelo pouco que conseguiu. “Ainda agradeço a Deus por esse pouquinho, mas é triste ver nosso trabalho perdido. Mas tenho fé e tô orando muito para que o próximo ano seja melhor, que a gente possa ter mais fartura e que essa pandemia desapareça também, para que a gente possa viver mais próximo de nossas famílias, porque até isso tem sido difícil” concluiu.

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