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ENTRETENIMENTO

Conheça Anne Jullieth, piauiense que vai dançar em NY, com os melhores do mundo

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Sob um feixe de luz, como se estivesse no centro de uma caixinha de música, uma bailarina dá um salto e rodopia na ponta do pé sobre o palco do teatro em Teresina. Anne Jullieth, 13 anos, sete deles dedicados incansavelmente ao balé, se aquece para a apresentação que vai ajudar a custear a viagem que fará no início do mês de abril com destino a Nova Iorque – lá, Anne vai participar de um dos maiores concursos de dança do mundo, o Youth America Gran Prix (YAGP). A competição reúne mais de 400 bailarinos de todos os continentes e distribui prêmios na ordem de U$ 250 mil em bolsas de estudos nas mais renomadas escolas de dança da Europa e Estados Unidos.

Com as sapatilhas de ponta nas mãos, Anne Jullieth se aquece para mais uma apresentação; Foto: João Brito JR/OOlho

Representante piauiense no olimpo do balé mundial, “Julie”, como prefere ser chamada, cresceu entre pliés e espacates (passos tradicionais do estilo). Seus pais são bailarinos e professores de dança. “Sempre acompanhei meus pais em espetáculos. Comecei a fazer balé ainda muito pequenininha, em Simplício Mendes, onde minha mãe dá aulas. Quando tinha três anos dancei a Chapeuzinho Vermelho. Depois, passei a ter aulas no Centro de Artesanato (Teresina), onde meu pai era professor, e em 2011, fui para a Fundação Ballet Helly Batista”, comenta a menina sobre sua herança artística.

“Comecei a fazer balé ainda muito pequenininha”, relembra Anne Jullieth; Foto: João Brito JR/OOlho

Esta é a segunda vez que Anne se qualifica para participar da etapa final do YAGP. Ano passado, quando participou da competição, ela foi convidada para passar uma temporada estudando balé em Orlando. “Já ganhei muitas bolsas, principalmente, para estudar na Alemanha”, contabiliza a garota que, recentemente, ganhou o Prêmio de Melhor Bailarina Clássica do Piauí.

A DOCE SINA DE DANÇAR

No palco, de cílios postiços e maquiagem forte, as feições de menina desaparecem dentro da experiência e maturidade com que Anne executa os movimentos da dança clássica. Ela parece conhecer cada milímetro pisado por sua sapatilha de ponta. Tanta precisão e limpeza gestual, garantiram à bailarina 36 primeiros lugares em competições estaduais, regional e nacionais.

‘Jullie’ dedica seis horas diárias às aulas de balé; João Brito JR/ OOlho

“O nível técnico da ‘Jullie’ é muito grande, semelhante ao de uma menina de 16,17 anos. Ela já faz giros bem complexos como fouettés (passo que exige postura, concentração, agilidade, técnica, tornozelos fortes e resistência). É muito difícil e ela faz muito bem”, comenta Helly Júnior, professor e coreógrafo da piauiense.

Para estar entre as melhores, Anne adotou uma rotina semelhante à de um atleta de alto rendimento. São cinco, seis horas diárias de treinos – de segunda a sábado. A agenda da menina é dividida entre escola, pela manhã, e aulas de balé, do início da tarde até o começo da noite. “A Jullie tem um ritmo muito puxado, porque quer desempenhar bem aquele papel e se sobressair nas competições. Ela leva tudo muito à sério, com muita maturidade. E é muito talentosa, muito dedicada. Tenho certeza que ela passa mais tempo na escola de balé, ensaiando, do que na casa dela. Por isso, ela vem se destacando em grandes festivais nacionais e internacionais. As dificuldades maiores são sempre as de conseguir patrocínio, apoio, passagens…”, enfatiza o professor.

Mas, nem intensa agenda de aulas e ensaios e a busca incessante pelo desempenho correto dos passos são vistos pela menina como dificuldade para alcançar sonhados objetivos. “É tudo bem puxado, bem corrido. Às vezes, em algumas competições, o nervosismo toma de conta, mas depois penso que não é necessário a pessoa ficar nervosa quando vai fazer uma coisa que ela gosta”, reflete.

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“Não é fácil chegar lá”, releva a bailarina piauiense que vai dançar em Nova Iorque; Foto: João Brito JR/OOlho

“Meu sonho é ser bailarina profissional. Estou lutando para que isso aconteça, não vou desistir. Quero dançar no ABT (sigla em inglês de American Ballet Theatre – uma das mais importantes companhias de balé do mundo)”, confidencia Julie, que diz se inspirar na consagrada bailarina ucraniana, Svetlana Zakharova, ícone do balé clássico.

Em Nova Iorque, a piauiense dá mais um passo na caminhada rumo à glória alcançada pela bailarina ucraniana. Vai competir com coreografias da Variação de Repertório Harlequinade, ensaiada e adaptada pelo professor e coreógrafo Helly Junior (PI) e o solo Neoclássico Samba Lê Lê, de Binho Pacheco (SP). E não foi fácil chegar lá: na selativa do Brasil, foram mais de 200 inscritos e só 25 conseguiram se classificar. “Fiquei feliz por conseguir passar”, vibra a bailarina, que enfrentará dez dias de audições e apresentações sob olhares de críticos e autoridades do balé internacional.

E os saltos e piruetas da bailarina piauiense chegam a lugares cada vez mais distantes de sua terra natal. Quando voltar dos Estados Unidos, ‘Jullie’ já tem marcada uma extensa agenda de compromissos. “Logo depois de Nova Iorque vou para São Paulo, depois Joinville, depois retorno para São Paulo para participar de outras competições. Vai ser bem corrido”, diz, empolgada.

Dançando cada vez mais longe de casa, Anne demonstra confiança e lucidez sobre sua expoente carreira: “A gente se sente mais confiante, porque é muito difícil chegar a eventos como esse”, acredita Anne Jullieth dos Santos Pinheiro, a bailarina do Piauí que promete fascinar o mundo na ponta dos pés.

Anne Julieth se prepara para dar saltos largos na carreira de bailarina; Foto: João Brito JR/OOlho

AMIGOS DA BAILARINA

Para alcançar voos cada vez mais altos, Anne Jullieth conta com alguns apoiadores. Para a ida a Nova Iorque, por exemplo, os custos com passagens, hospedagem e transporte, estimados em 30 mil reais, terão parte patrocínada pelo Governo do Estado e Prefeitura Municipal de Teresina.

Além disso, os amigos do Ballet Helly Batista também dançaram pelo sonho de Jullieth – a apresentação que O Olho acompanhou aconteceu no último dia 25, no Teatro 4 de Setembro, envolvendo quase toda a escola, e teve o lucro da bilheteria revertido para os custos da viagem de Jullieth e também do bailarino João Felipe, que vai para o The Washington Ballet.

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Fonte: O Olho

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