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GERAL

Abelhas de Picos e região são alvo de estudo acadêmico

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A cidade de Picos é conhecida nacionalmente como a Capital do Mel pela sua grande produção deste produto. A região é uma das maiores produtoras e exportadoras do país. E apesar de essa ser uma das maiores potencialidades, a carência de pesquisas – principalmente com as abelhas – na área que é a principal fonte de renda de famílias da região semiárida nordestina, é preocupante. Uma importância enorme e que muitas vezes a própria população desconhece.

Por isso, a professora bióloga Dra. Juliana Bendini está desenvolvendo em Picos trabalhos de pesquisa com este inseto pertencente à Classe Insecta, do Filo Arthropoda e da Ordem Hymenoptera, da qual as vespas e formigas também fazem parte.

Formado recentemente, o Grupo de Estudo sobre Abelhas do Semiárido Piauiense é composto por alunos de diversas áreas como agronomia, nutrição, química, ciências da natureza, biologia, além de professores integrados em ideias alicerçadas nas necessidades dos apicultores da região.

Iniciativa

No Piauí desde 2004, Juliana adquiriu experiências relacionadas à forma de trabalho, ascensões e necessidades do setor, com isso, decidiu desenvolver trabalhos de pesquisa que visem aumentar o conhecimento e melhorar a qualidade de produção dos apicultores.

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O pontapé inicial para a realização das pesquisas é a criação de um apiário didático experimental para desenvolver experimentos que possam ir de encontro às necessidades dos apicultores, mas num ambiente controlado e que não haja o comprometimento da produção do setor.

Uma parceria com o Corpo de Bombeiros foi firmada e uma capacitação acontecerá nos próximos dias, visando a forma de remoção correta dos enxames em áreas urbanas, o que atualmente, por falta de conhecimentos específicos, acaba por exterminar os insetos.

A partir desta capacitação, os enxames removidos serão encaminhados ao apiário didático, fazendo com que as abelhas não sejam exterminadas e garantindo assim a preservação desses insetos. Ao mesmo tempo em que estariam prevenindo o ataque das abelhas às pessoas, pois elas podem representar riscos se manuseadas de maneira errada, realizando-se assim um serviço de utilidade pública.

Segundo a bióloga, estes projetos estarão sendo realizados em conjunto com o viveiro de mudas proposto por um professor da Universidade Estadual do Piauí, e que já esta sendo submetido para o edital da instituição como curso de extensão, buscando atender os apicultores com a distribuição de mudas de plantas nativas que sejam resistentes ao regime climático da caatinga e que floresçam, deem néctar, pólen, sombra e frutas durante o período seco – época mais crítica do ano para os apicultores.

Estudar o semiárido

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O grupo de estudo sobre abelhas do semiárido se coloca como estudo das abelhas em geral, já que na apicultura se usa somente uma espécie, a Ápice Melífera, uma espécie africanizada conhecida popularmente como abelha Italiana.

“Na apicultura se usa a abelha Ápice Melífera, que é a abelha africanizada. As pessoas a chamam de italiana, mas elas deixaram de ser há muito tempo, desde 1956, quando foram introduzidas as abelhas africanas no Brasil e houve um cruzamento entre elas e as europeias, que já estavam aqui desde a época da colonização”, diz Juliana.

No Brasil existe algo em torno de trezentos e cinquenta espécies de abelhas nativas e muitas delas com potencial de produção. A pesquisadora diz que em alguns estados do Brasil a meliponicultura (criação de abelhas), economicamente comparando, uma colmeia de abelha de espécies nativas produz por ano uma média de quatro litros de mel, já a Ápice Melífera produz cerca de 40 kg anualmente, uma diferença gritante.

Necessidades

O objetivo maior de se estudar as abelhas nativas é que são insetos polinizadores, então grande parte das culturas agrícolas dependem destes insetos com esta finalidade. E as abelhas são grandes agentes que tem sido exterminados tanto pela ação da própria agricultura, que provoca o desmatamento, como também pela utilização dos agrotóxicos.

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“Essa tem sido uma grande preocupação do meio acadêmico e de produção pelo desaparecimento das abelhas, então o estudo é mais no sentido da conservação, partindo do princípio de que elas representam uma importância enorme para a polinização das espécies vegetais e contribuem com a conservação destas espécies. E saber que espécies têm, porque no Piauí não existe um levantamento de espécies de abelhas nativas, então é uma lacuna. A gente não sabe quais são as abelhas daqui e pode ser até que surja uma espécie nova, destaca Juliana.

Sobre a cultura da espécie vegetal Neem Indiano, a pesquisadora afirma ter uma presença muito forte não só em Picos, mas em todo o estado. Uma espécie de crescimento muito rápido e que tem efeito repelente, o que teria sido o motivo de sua migração para o país. Sua toxicidade em relação às abelhas já foi comprovada.

“Foi trazida com a função de repelente. Para as abelhas ela é toxica, são necessários mais estudos em relação a isso, mas já tem alguns que comprovam a toxicidade dessa planta”, finaliza.

 

Portal Grande Picos

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