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Menina de 14 anos faz desenho em homenagem a George Floyd e escreve contra o racismo: ‘os deixem respirar’

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A estudante Alice Muniz, de 14 anos sensibilizada com o caso George Floyd, um homem negro que morreu asfixiado ao ser detido por Chauvin, um policial branco, no dia 25 de maio, fez um desenho e um texto para gerar uma reflexão e se posicionar a favor das manifestações contra o racismo. O desenho foi compartilhado pela mãe de Alice em uma rede social e vem ganhando repercussão.

No desenho, um homem negro está chorando e há fitas amarelas, como as usadas para isolamentos de locais de crime (lê-se crime scene [cena do crime] nelas). Uma das fitas contém a frase “I can’t breath” [eu não consigo respirar], frase repetida várias vezes por Floyd quando estava algemado e com o joelho do policial sobre seu pescoço. A frase tornou-se um dos símbolos das manifestações que se espalharam pelos EUA e pelo mundo.

Segundo Alice Muniz, o objetivo foi transmitir a mensagem de que esse é o momento em que as pessoas devem se unir e lutar a favor de uma causa que é real e pede mais igualdade.

“O texto e o desenho que eu fiz foi uma maneira de expressar o que eu tenho sentido em relação a todas as manifestações que estão aparecendo em jornais e notícias que falam sobre toda a luta, representatividade, pela voz, pelo pedido de justiça a favor dos negros, porque é uma luta válida que deve ser ouvida e apoiada e, por isso, eu sinto que precisava me expressar de alguma forma”, explicou.

A administradora Letícia Muniz, mãe da estudante, conta que a filha demonstra paixão pela arte e encontrou no desenho uma forma de defender seu posicionamento.

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“Ela me mostrou esse texto e me surpreendeu, porque ela só tem 14 anos, mas já tem uma sensibilidade muito grande com o que acontece mundo afora. Eu apoio e acho importante, pois creio que esse posicionamento diante do que acontece na sociedade tem que ser incentivado desde cedo”, afirmou.

No texto, Alice questiona por que vivemos em um mundo onde a cor da sua pele vale mais que o próprio caráter. Leia na integra o texto de Alice Muniz, de 14 anos.

Imagine estar sufocando. Imagine que há um peso sobre você, o ar não consegue passar pela garganta. E não importa o quão sua voz peça para respirar, o peso não irá sair. Foi o que ocorreu em Minnesota, nos Estados Unidos, quando George Floyd, de 40 anos, morreu asfixiado enquanto o policial que o rendeu mantinha o joelho sobre seu pescoço. O vídeo que se tornou viral causa arrepios. A voz do homem repete sob o aperto: “Eu não consigo respirar”, mas o policial não esboça qualquer reação além de mantê-lo pressionado com o rosto contra o asfalto. Até sua voz não soar mais. As manifestações começaram logo em seguida. O sentimento de raiva e injustiça reverbera pelo mundo. As redes sociais entopem-se de hashtags a favor da justiça real. A favor dos negros. Porque vivemos em um mundo onde a cor da sua pele vale mais que seu caráter. E é preciso um assassinato a sangue frio ir à mídia para que os gritos que já ecoam há anos sejam ouvidos. Mas quantas pessoas tiveram que perder suas vidas? Quantos negros a polícia matou por “estar assustada”? Quantos ainda terá que matar? Um levantamento feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2017, divulgou que 75% das vítimas de homicídio no país são negras. E isso levando em conta somente os casos dos quais temos conhecimento. Segundo o Instituto de Segurança Pública, 80% dos mortos por policiais no Rio de Janeiro durante o primeiro semestre de 2019 eram negros. Então, por favor, antes de usar a #blacklivesmatter apenas porque “está na moda”, pense em todas as vidas que tiveram que acabar para que o mundo desse um pouco de voz àqueles que viveram calados. Isso não é só por George Floyd. É por todos os negros que foram mortos, agredidos, excluídos e alvos de preconceito só por conta da cor da pele. Eu peço encarecidamente que não deixe essa luta se esvair. Nem por um segundo. Os deixem respirar.

Autora: Alice Muniz (estudante, 14 anos)

Fonte: G1 PI

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