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Marcha das Vadias protesta contra a violência à mulher no Piauí

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Na luta pela igualdade de direitos e contra o preconceito que ainda permanece no país, dezenas de mulheres, homens, gays, simpatizantes e travestis, foram as ruas de Teresina nesta sexta-feira (14) no ato conhecido como ‘Marcha das Vadias’. Com seus direitos de ir e vir e vestidas da forma com que lhe convêm o grupo marchou pela avenida Frei Serafim, levantando a bandeira contra a violência.

Eka Alves, estudante do curso de Moda da Universidade Federal do Piauí (UFPI), explica que o termo ‘vadia’ ainda é um pouco incompreendido para maioria das pessoas. “Nós usamos esse termo justamente para deslegitima-lo. As pessoas não podem relacionar como vadia uma pessoa só pelo modo dela agir, se vestir, se comportar. Até mesmo, porque este termo não ofende mais. Por isso, estamos ocupando um espaço público, exibindo nossos corpos da maneira como quisermos, dessa forma a mensagem chega a popularidade e atingimos a compreensão que queremos chegar”, destaca Eka.

A estudante explica que a luta não é só contra o machismo, mas visa combater a violência contra mulher. “Nós somos privadas de nossa liberdade sexual, porque somos tolhidas pela sociedade que define nossa sexualidade, age com pudor em relação a como devemos nos vestir, se comportar, por isso como contra a opressão feminina, a homofobia e o racismo”, disse.

Uma das líderes do movimento, a jornalista Sarah Fontinelle, explica que o evento chega a sua terça edição em Teresina e neste ato tem a intenção de alertar a sociedade sobre a violência contra as mulheres negras e travestis. “Dados revelam que nos últimos anos no Brasil, 60% dos crimes de estupro foram cometidos contra mulheres negras e pobres. Isso, mostra a vulnerabilidade em que se encontram esse grupo, que sofre não só a violência física, estrutural, mas da própria sociedade. Por conta disso, muitas mulheres se vem obrigadas a se prostituir, bem como os travestis, que sofrem com o preconceito”, declarou Sarah.

A jornalista ainda chama a atenção para o número de travestis mortos no estado do Piauí, nos últimos anos. Segundo o Grupo Gay da Bahia (GGB) só no ano de 2013 foram contabilizados 312 assassinatos e suicídios de gays, travestis, lésbicas e transexuais no Brasil, que foram vítimas de homofobia e transfobia, revelando uma média de uma morte a cada 28 horas. No Piauí, a realidade não é diferente, em 2013 foram registrados 10 casos de crimes contra gays, lésbicas ou travestis.

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“Vítimas desse preconceito exacerbado muitos travestis se vêm obrigados a se prostituir e não encontra a segurança que o estado deveria oferecer. Em nosso estado, os crimes contra esse grupo são tratados como crimes comuns e não como reflexos da transfobia.
Enquanto o governo não taxar isso como um problema social, não se preocupará em apresentar soluções para estagnar essas mortes e casos de violência”, contesta Sarah.

Outra líder movimento e integrante da organização Batuke Femnista, Estér Anagoia, também destaca que a Marcha das Vadias neste ano faz alusão aos dias 20 de Novembro (Dia da Consciência Negra) e o dia 25 de Novembro (Dia Internacional de Luta Contra a Violência à Mulher).

“A gente trouxe essa temática diferente, em alusão aos dias 20 e 25 de novembro, e estamos lutando para viver sem violência entre toda as mulheres. Lutando em defesa dos travestis, que não são reconhecidas pelo Estado, e no movimento de mulheres negras. Desde pequenas somos obrigadas a negar nossas raízes. As mulheres negras se ‘fantasiam’ negando suas naturezas. A padronização da mídia e da sociedade diz que elas tem que embranquecer, alisar o cabelo, mudar o nariz; a nossa cor ainda é vista como objetivação do pecado. Por isso, vamos continuar lutando contra o machismo, o racimo e a homofobia”, afirma Estér.

A convite de amigas, a estudante Brena Oliveira foi ao local participar da Marcha. “Este ato é muito importante, porque nós mulheres, em pleno século XXI, ainda sofremos a opressão da sociedade machista. Temos ainda salários menores, alguns homens nos vem como objeto sexual e somos as maiores vítimas de estupros”, encerrou Brena.

Marcha das Vadias
A Marcha das Vadias é um movimento internacional de mulheres criado em abril de 2011 na cidade de Toronto, no Canadá, em resposta ao comentário de um policial que disse que, para evitar estupros em uma universidade, as mulheres deveriam parar de se vestir como “sluts” (vadias, em português). Assim, teve início a SlutWalk, em que mais de 3 mil mulheres canadenses foram às ruas para protestar contra o discurso de culpabilização das vítimas de violência sexual e de qualquer outro tipo de violência contra as mulheres. A partir daí, diversas manifestações semelhantes (SlutWalk, Marcha de las Putas, Marcha das Vadias) ocorreram em mais de 30 cidades, em diversos países – como Costa Rica, Honduras, México, Nicarágua, Suécia, Nova Zelândia, Inglaterra, Israel, Estados Unidos, Argentina e Brasil.

Todas essas mulheres marcham por seu direito de ir e vir, seu direito de se relacionar com quem e da forma que desejarem e seu direito de se vestir da maneira que lhes convier sem a ameaça do estupro, sem a responsabilização da vítima e sem sofrer nenhum tipo de humilhação, repressão ou violência. A motivação principal da Marcha das Vadias é a situação, compartilhada por mulheres de todo o mundo, de cerceamento da liberdade e da autonomia, de medo de sofrer violência e da objetificação sexual.

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Fonte: ClubeSat

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