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A luta de Lúcia Rosa para dar voz às pessoas com transtornos mentais

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Há mais de 30 anos em Teresina, a professora Lúcia Rosa, 58 anos, natural de Piracicaba, estado de São Paulo, se entrega pela cidade através do seu trabalho na saúde mental da capital. Formada em Serviço Social e docente da Universidade Federal do Piauí (UFPI), a vinda da professora para Teresina se deu após conhecer seu marido que é teresinense e estava na capital paulista fazendo doutorado.

Trabalhando inicialmente no serviço social de indústrias, a saúde mental só entrou na vida de Lúcia Rosa após surgir uma oportunidade dentro da UFPI para ingressar nessa área.

“Quando eu entrei na universidade eu vi que essa área empresarial, que era a que eu trabalhava, não era significativa porque o forte do Piauí não é a área industrial. Com isso, eu fiquei um tempo à disposição do que a universidade me apresentava e uma colega que trabalha na saúde mental se aposentou e foi quando iniciei na saúde mental e vi que não bastava só está na docência, eu precisava realmente me envolver um pouco mais na gestão da política de saúde mental”, conta professora.

Lúcia Rosa, que se tornou especialista em Saúde Mental pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), integra o corpo docente da UFPI e repassa seus conhecimentos dentro da instituição através de cursos, palestras e outros eventos voltados para a saúde mental.  

“Na Universidade a gente faz muito curso de especialização, curso de atualização para os profissionais e para os estudantes que ainda estão em processo formativo, tem a questão dos estágios, que através dos estágios nossos alunos estão dentro dos CAPS, estão dentro do Areolino de Abreu. Então eles também fazem toda a sua formação voltada para a saúde mental a partir desse trabalho. Temos as pesquisas dos alunos, nos trabalhos de conclusão de curso e tem as nossas pesquisas como docentes também, entre outros, então é um conjunto de ações que se faz”, esclarece a professora.

Além do trabalho desenvolvido dentro da UFPI, a professora também contribui com as ações de duas associações,  a Âncora – Associação dos Portadores de Transtorno Mental, Cuidadores e Interessados na Saúde Mental do Piauí e a Homo Lobus  – Associação Piauiense de Familiares e Usuários de Drogas e Álcool que desenvolvem atividades com o objetivo de ampliar a convivência familiar e fortalecer os vínculos entre as pessoas com transtornos mentais dentro da sociedade.

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“Temos o trabalho das associações de familiares e usuários da saúde mental como no caso da Âncora e Homo Lobus que lutam por ações de trabalho e renda para pessoas que têm transtorno mental como hoje nós temos várias pessoas inseridas no mercado do trabalho formal, com carteira de trabalho assinada. Então, a gente dá apoio a essas Associações, que elas têm um trabalho muito efetivo”, ressalta Lúcia Rosa.

A professora também explica o principal motivo de trabalhar pela saúde mental todos os dias, quebrar o estigma do preconceito e mostrar que as pessoas com transtornos mentais também possuem voz e capacidade dentro da sociedade. 

“A gente observa que a força do estigma é muito grande e isso que está faltando, essa questão do combate ao estigma e a pandemia também trouxe isso, a questão da saúde mental, como somos vulneráveis.  Então, a gente trabalha muito nessa perspectiva do cuidar e liberdade, compreender a pessoa com transtorno mental como a pessoa que tem capacidades, tem suas limitações pelo próprio transtorno, mas que a gente tem que também singularizar isso e não padronizar e homogeneizar um grupo que é muito heterogêneo”, conta Lúcia Rosa.     

Todo o trabalho desenvolvido pela professora Lúcia Rosa ou Lúcia do Piauí como também é conhecida, na área da saúde mental durante esses anos foi reconhecido pela Câmara de Vereadores de Teresina que concedeu a ela em 2016, o título de cidadã teresinense. 

“Foi muito gratificante esse reconhecimento, foi muito emocionante porque ganhei o selo de teresinense e eu acho que mostrou esse reconhecimento por essa jornada que começou de uma maneira bastante tímida, eu sempre digo que a saúde mental era vista como um patinho feio e a gente conseguiu através dessas lutas sociais através da Âncora, Homo Lobus, transformar em um lindo cisne, apesar em meio a muitas dores, mas também a gente consegue dar visibilidade para essas pessoas que também são cidadãs e que tem direitos”, finaliza Lúcia Rosa. 

Por Rebeca Lima
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