GERAL
Piauí já teve seis mulheres vítimas de feminicídio no primeiro bimestre
O enfrentamento ao feminicídio e à violência contra a mulher foi discutido em audiência pública, nesta segunda (07/03), proposta pelos vereadores do PT, Rosário Bezerra e Gilberto Paixão, que presidiram o debate no plenário da Câmara Municipal de Teresina. O debate visou a discussão de políticas públicas para o combate a crimes contra o gênero feminino e medidas necessárias para proteger a mulher.
No encontro foram apresentados os dados da violência contra a mulher no ano de 2015. Ao todo foram 611 homicídios, dos quais 63 casos eram mulheres. No primeiro bimestre de 2016 já foram 113 assassinatos, sendo seis mulheres mortas.
A delegada Eugênia Vila, subsecretária de segurança do Estado, afirma que as investigações devem ser mais amplas e tratadas como questão de gênero. Ela apresentou uma nova metodologia para as investigações, que segundo ela, torna o Piauí uma grande referência na luta contra à violência feminina.
NOVOS ÓRGÃOS
Além disso, de acordo com a delegada, serão criados seis novos órgãos para reforçar as ações no combate à violência contra a mulher.
“Uma coisa é investigar assassinato de homens, outra coisa é investigar assassinato de mulheres. Deve haver o entendimento de que as mulheres são mortas simplesmente pelo fato de serem mulheres e isso torna a abordagem totalmente diferente.” Afirma Eugênia.
Para ela, a Lei Maria da Penha é um grande avanço, porém, a violência contra a mulher deve ser vista como algo que extrapola a violência doméstica, pois apenas 40% dos casos se dão no âmbito doméstico.
Eugênia afirma que para que a luta se torne mais efetiva é necessária maior participação das mulheres no poder público e maior presença nas decisões do país.
Além da delegada Eugênia, estiveram presentes na audiência a secretária adjunta de Segurança Pública representantes da Coordenadoria de Políticas Públicas para mulheres (CMPM), Secretaria Estadual de Assistência Social e Cidadania, Comissão de Direitos Humanos da OAB-PI, Conselho Estadual de Defesa da Mulher, Conselho Municipal de Defesa da Mulher e movimentos sociais organizados de mulheres.
MINISTÉRIO PÚBLICO ALERTA PARA FALTA DE ESTRUTURA DA CASA DE ABRIGO DE TERESINA
A promotora Amparo Paz, coordenadora do Núcleo de Promotorias de Justiça de Defesa da Mulher Vítima de Violência Doméstica e Familiar (NUPEVID), representou o Ministério Público e o Núcleo de Promotorias do Júri na audiência pública que discutiu as ações de enfrentamento ao feminicídio em Teresina. A solenidade aconteceu na Câmara Municipal de Teresina nesta segunda-feira (7).
Na oportunidade, a promotora fez o alerta sobre as condições precárias na estrutura e no sistema de segurança da Casa Abrigo de Teresina. “O Ministério Público realizou uma vistoria na Casa Abrigo. É flagrante a falta de estrutura e de segurança. As mulheres que estão abrigadas naquele espaço correm risco de vida. O Governo do Estado está omisso e será notificado pelos promotores da Fazenda Pública”, enfatiza a promotora.
Ainda durante a audiência, a coordenadora do NUPEVID pontuou as ações educativas e de prevenção à violência contra a mulher já executadas na capital. “Temos projetos que debatem a desconstrução de comportamentos violentos nas escolas, nas universidades e nos ambientes de trabalho. Há dois anos, percorremos os canteiros de obras falando aos trabalhadores sobre a cultura de paz e a igualdade de gênero”, frisa Amparo Paz.
Para a promotora, os inúmeros casos de violência contra a mulheres são reflexos de uma sociedade machista. “Precisamos desconstruir essa cultura de violência contra a mulher. A lenda do Cabeça de Cuia, por exemplo, que é cultuada por muitos piauienses, fala de violência contra a mulher. Um filho que matou a mãe e precisa matar mais sete mulheres. Precisamos modificar essa cultura”, reforça Amparo Paz.
Dentro das ações de enfretamento ao feminicídio executadas pelo NUPEVID, a promotora Amparo Paz, destaca o Projeto Reeducar Homem, que será lançado oficialmente neste mês de março. “Sensibilizar os homens é fundamental para alcançarmos a igualdade de gênero e com isso barrar o avanço da violência contra a mulher em Teresina. O Projeto Reeducar irá trabalhar com grupos de homens envolvidos em situação de violência e que já estão com os processos judicializados. No Rio Grande do Norte, onde também existe o projeto similar, nos últimos quatro anos o número de casos de reincidência é zero. Acredito que o Piauí também poderá alcançar esse índice”, encerra a promotora Amparo Paz.
Fonte: Portal O Dia
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