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Jaicós

JAICÓS | Consumo de álcool por adolescentes preocupa Conselho Tutelar e órgão pede apoio dos pais

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O consumo de bebida alcoólica entre os adolescentes, no município de Jaicós, tem sido cada vez mais comum, fato que tem preocupado o Conselho Tutelar, órgão responsável por atender as crianças e adolescentes em casos de violação de direitos.

Diante da situação, o Conselho Tutelar segue alertando a sociedade para o problema, e os pais, para que redobrem a atenção para evitar situações envolvendo o consumo de bebida alcoólica por parte dos menores de idade.

Em entrevista ao portal Cidades na Net, nesta quarta-feira (27), a conselheira Ednéia Carvalho, falou da problemática, chamando a atenção dos pais e responsáveis e também dos proprietários de estabelecimentos.

Ednéia disse que a ausência das atividades escolares e sociais em meio a pandemia, tem influenciado na maior presença de jovens em bares e festas. “A gente vê que hoje a situação dos jovens é que eles não estão tendo a ocupação da escola, as atividades presenciais dos serviços sociais, que servem como recreação naqueles horários vagos. Então, o que está sobrando para os adolescentes é bar, festas fora da cidade, grupinhos onde a gente vê que não está acontecendo nada de sadio, sempre tem uma bebida pelo meio. Então pedimos aos pais que pelo amor de Deus, vigiem mais seus filhos”.

A conselheira falou que é preciso que os pais saibam onde os filhos estão e com quem andam. “Enquanto conselheiros, pedimos que os pais tenham mais compromisso com os filhos, presença, pulso. Vigiem mais, acompanhem mais os passos para saber com quem anda, aonde está. Porque não justifica um pai, 3, 4, 5 horas da manhã, estar em sua residência e o filho na rua, numa praça, barraca, pizzaria, seja onde for”.

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Segundo ela, não se pode confundir o papel do Conselho, e da PM. “É inaceitável a desculpa do pai dizer “ah, ele saiu, eu não vi, não tive como ir atrás. Vá atrás, pois isso não é papel do Conselho Tutelar ou da Polícia Militar, as pessoas tem que entender o que é o Conselho, o que é a PM. A Polícia Militar está ali para fazer a segurança pública da população, não é para ir atrás daquele adolescente que está bebendo, fumando. Até porque a lei não vê como crime o adolescente beber, é crime quem vende, oferece, dá. Mas o adolescente beber, ele está cometendo crime contra o corpo dele, mas na lei ele não está cometendo crime. Criminoso é quem vende e oferece. Mas os pais hoje veem dessa forma, que é o Conselho que tem que ir buscar, que tem que fazer minha parte enquanto pai, e não é assim. Em Jaicós todos se conhecem, conhecemos nossos jovens, cada pai, e sabemos o pai que tem o compromisso com o filho e o que não tem”.

Ednéia disse que já aconteceu caso de criança de 8 anos ser levada ao hospital devido o consumo de álcool. “No carnaval, do ano retrasado, se não me engano, a gente teve um caso que nessas folias uma criança de oito anos foi levada ao hospital em uma situação quase que de coma alcoólico. E onde estava o pai e a mãe dessa criança? em casa. A própria polícia e os organizadores do evento, levaram ao conhecimento da mãe, e ao hospital. A mãe não sabia onde estava a criança”.

“E aí vem a pergunta ‘era o Conselho que tinha que estar vigiando essa criança? não, é a mãe, o pai, o responsável. A criança não tem culpa, na cabecinha dela ela estava se divertindo, não estava fazendo nada de mais. Mas o pai e mãe tem que ter consciência que estavam errados. Mas infelizmente, nosso pais persistem no erro, nas irresponsabilidades, e querem jogar a culpa em cima da sociedade, mas não é assim que funciona” completou ela.

Para Ednéia, a falta do limite é a raiz do problema. “A gente faz o alerta e pede a colaboração dos pais, dos adultos, da sociedade em si, para que ajudem os nossos jovens a crescerem. A gente vive numa divisão de águas aqui, onde o principal problema é a falta do limite, o que divide o problema da solução, é justamente a falta de limite. Os pais não querem pôr limite, hoje em dia parece que os pais tem medo de falar com o filho, de dizer não é assim, você está indo pelo lugar errado. E enquanto houver esse medo de tratar o assunto, a situação, o problema vai tomar de conta e a vítima maior são os nossos jovens e crianças. Vítimas das drogas, da prostituição, pois a gente tem muito isso, só não vê quem realmente se recusa a enxergar”.

Ela disse que em primeiro lugar, é necessário que a família aja, mas se for preciso envolver o Conselho Tutelar, o órgão irá atender. “Se você vê aquele jovem bebendo em algum lugar e conhece de quem ele é filho, chame o pai, ligue, avise para ele vir buscar. E se for o caso de envolver polícia, Conselho Tutelar, pode ter certeza que vamos agir, mas em primeiro lugar quem tem que agir é o pai e mãe, eles precisam estar presentes. A prevenção é em casa, se eu não prevenir em casa, estarei expondo meu filho. Se eu não ensinar, a rua ensina”.

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Edneia falou também que tem sido feito o trabalho constante de orientação. “Todo ano, em período festivo, seja aniversário da cidade, festejos, carnaval, a gente se junta com o Ministério Público, Polícias Militar e Civil, e o próprio juiz se disponibiliza para fazer aquele reunião, conhecer os donos de bares, convida um a um para conversar e alertar ‘não vendam, não ofereçam, não permitam aquele adolescente no seu estabelecimento, porque tem consequência. A venda da bebida para criança e adolescente não é de agora, é uma coisa antiga, que a gente vem debatendo, explicando, a gente passa de bar em bar e conversa ‘olha o senhor não venda, e se o adolescente insistir em ficar no seu estabelecimento, o senhor tem todo direito de acionar a polícia, o conselho tutelar, os pais”.

Ela disse que aqueles que cometem o erro de fornecer bebida alcoólica para menores, não é por falta de conhecimento. “Mas ninguém aqui em Jaicós cai em determinadas situações dizendo que foi por falta de conhecimento, porque o Conselho Tutelar está sempre levando aquela informação, apregoando cartazes com artigos, sendo que foi até renovado o artigo, e agora é de 2 a 4 anos de prisão, processo. Tem direito a pagar fiança, mas seu nome vai ficar lá no processo, você vai responder por aquilo, então não é interessante para um cidadão de bem estar com o nome sujo na justiça, porque insistiu em desobedecer a lei”.

Ednéia também falou que aqueles que não querem deixar de vender pelo financeiro, podem terminar sofrendo um prejuízo maior. “Aquele dono de bar, de prostíbulo, de estabelecimento, que não quer deixar de vender, visando a questão financeira, coloque na ponta do lápis e faça o cálculo, o que vai valer mais, se é uma cerveja ou você pagar uma fiança de um salário mínimo, e ainda ficar com o nome sujo diante da população, na justiça. Então o que a gente alerta é isso. Quem erra não é por falta de conhecimento, pois nossa parte a gente faz, e esperamos também que a sociedade faça sua parte”.

Por fim, a conselheira destacou que Jaicós tem uma rede completa para atender as famílias, mas que é preciso que estas aceitem ser ajudadas. “Jaicós está muito bem servido, pois tem a Polícia Civil, Polícia Militar, CREAS, CRAS, NASF, CAPS. Então, se o pai está com problema com o filho, procure ajuda, pois o nosso município oferece tudo isso. Nossa cidade é bem servida, as pessoas é que não procuram a forma de ser servir. Nós temos uma rede completa, que está aí com profissionais para ajudar a sociedade, mas a sociedade é que não permite ser ajudada, é mais fácil ficar empurrando o problema para debaixo do tapete, aquele adolescente embriagado para dentro do bar mais ainda, do que resolver a situação” concluiu.

O Conselho Tutelar do município de Jaicós fica localizado na rua Marechal Alves Filho, no Centro. Para denúncias a população pode utilizar o Disk 100 ou o número (89) 999841934. O órgão ainda está atendendo em horário reduzido, de 08 às 13 horas, ficando de sobreaviso no período da tarde.

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