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Dentista vítima de racismo no Piauí desabafa na internet: ‘sim, nasci negra’

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As constantes manifestações de racismo motivaram a jovem dentista Laynna Marina Santos Lima, 25 anos, a fazer um desabafo em sua página no Facebook. Até a manhã desta terça-feira (13), menos de 24 horas após a postagem, o relato já tinha atingindo a marca de 700 compartilhamentos e quase 400 curtidas.

Formada pela Universidade Federal do Piauí (UFPI), com mestrado e prestes a concluir a segunda especialização, a jovem atende em três clínicas médicas e ainda divide a vida pessoal e o trabalho para dar aula em três instituições diferentes e cuidar da filha pequena. Para Laynna, todo o seu currículo passa despercebido por conta da sua pele negra.

A piauiense diz que já percebeu o comportamento racista de algumas pessoas desde a porta de sua casa até o consultório.

“E para você que entra no consultório perguntando cadê a dentista eu respondo: Oi. Esta sou eu Laynna Lima. Graduada pela Universidade Federal do Piauí. Mestre em Odontologia e cursando especializacão em prótese. Sim, sou eu. Nasci negra como você pode perceber. Mas a minha pele nada diz sobre o meu conhecimento”, disse ela na postagem.

Os pacientes chegam e se assustam com uma pessoa negra como dentista. O que me deixa muito chocada porque a cultura do racismo parece estar mesmo embutida na sociedade”
Laynna Marina Santos Lima, 25 anos, dentista formada pela UFPI

A jovem conversou com o G1e relatou os casos que enfrenta no dia a dia. No consultório, ela relatou que os pacientes entram na sala para serem atendidos, olham para ela, estranham e perguntam pela dentista.

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Segundo ela, algumas pessoas já se recusaram a serem atendidas, tudo por conta da cor da sua pele. Mulheres, homens e até crianças já teriam protagonizado situações constrangedoras no consultório.

“Isso não aconteceu uma ou duas vezes. Aconteceram várias vezes e com bastante frequência. Os pacientes chegam e se assustam com uma pessoa negra como dentista. O que me deixa muito chocada porque a cultura do racismo parece estar mesmo embutida na sociedade”, disse.

Mas os casos em seu consultório, segundo a dentista, nem passam perto daquilo que já teve que suportar. Com sua filha no braço em um supermercado e na fila de uma lanchonete, cumprindo com a lei da prioridade, até como babá ela já foi confundida. Em certa ocasião, uma senhora deu esmola, a chamando de mendiga.

“Eu estava na porta de uma farmácia esperando a minha sogra comprar um medicamento e a senhora chegou para mim e veio me dar dinheiro. Eu perguntei o porquê daquilo e ela respondeu dizendo que eu precisava. Foi bizarro, porque foi clara a associação à cor da pele. Nem mal arrumada eu estava”, lembra.

Apesar de bastante magoada, Laynna nunca registrou nenhum boletim de ocorrência e prefere contornar as situações em seu favor.

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“Já passei por situações muito delicadas, mas aprendi a levar e a contornar as coisas em meu favor. Eu procuro conversar com a pessoa e tentar educá-la. É preciso quebrar as fronteiras do preconceito. As pessoas precisam ser educadas sobre isso. Elas não são más, é apenas o preconceito que está embutido na sociedade”, disse.

 

G1

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