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Alegrete do Piauí

Natural de Alegrete, jovem de 28 anos está prestes a realizar o sonho de ser médico

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O jovem Francisco Áliffe, natural da cidade de Alegrete do Piauí, hoje busca a realização de um grande sonho em uma das maiores metrópoles do mundo. Ele saiu do semiárido piauiense há seis anos para morar em São Paulo.

Filho de Anísia Maria e Francisco Firmino, o jovem, oriundo de família humilde desde criança sonhava ser médico. Oriundo de escola pública, antes de chegar até a Faculdade, estudou na creche Mãe Maria em sua terra natal.

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Depois, já morando em Picos, estudou no Terezinha Nunes, na Unidade Escolar Miguel Lidiano da 3ª série do Ensino Fundamental até o 2º ano do Ensino Médio. A conclusão do ensino médio foi na Unidade Escolar Marcos Parente, com jornada ampliada. Já entre 2009 e 2010 fez o curso Técnico de Administração, no IFPI de Picos, no bairro Pantanal.

Áliffe também cursou no Colégio Machado de Assis em Picos através de bolsa estudantil. Ele sempre se identificou com a área da saúde. Dessa forma de 2014 a 2016, na Faculdade RSA, em Picos, cursou Fisioterapia por cinco semestres completos.

De lá conseguiu ingressar no curso de Medicina da Universidade Nove de Julho, situada na região central da grande São Paulo, na metade do ano de 2016, pelo Programa Universidade para Todos (Prouni) do Ministério da Educação.

Hoje aos 28 anos, para Francisco Áliffe do Nascimento Moreira, o sonho está cada vez mais perto de se tornar realidade. O jovem está na reta final cursando o 12º período de Medicina. A conclusão está prevista para o final do 1º semestre deste ano.

Lutas

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Um dos momentos mais difíceis na vida de Áliffe foi conseguir bons resultados no Exame Nacional do Ensino Médio que garantisse o ingresso no curso. O jovem alegretense declarou que em sua rotina de estudos preparatórios para o ENEM, quando obtinha nota baixa era um tanto desanimador.

O primeiro exame ele lembra que foi em 2010. A nota baixa, de certa forma, mesmo que desanimadora, foi um impulsionador para maior esforço, e assim decidiu estudar cada vez mais, almejando melhores resultados.

“Uma das coisas que mais me motivava é que eu queria poder conseguir por causa do meu sonho, fazer medicina. E queria também mostrar para pessoas ao meu redor, minha família, amigos, irmãos, meus primos, que era possível atingir sonhos, os objetivos que você quer. Tipo: se eu consigo eu queria que eles conseguissem, tentassem, inspirar os outros a seguir o que eles queriam”, contou.

Áliffe revelou que o sonho em ser médico começou desde quando se mudaram de Alegrete para a cidade de Picos. Na capital do mel, na época, muitas pessoas de Alegrete que precisavam de algum atendimento médico, hospital, exames, se hospedavam na casa de seus pais como ponto de apoio.

“Eu percebia que minha mãe cuidava dessas pessoas sem querer nada em troca, sem cobrar absolutamente nada. Fui vendo que as pessoas passavam a ter um certo apreço, consideração e respeito por ela. Ficavam muito agradecidos. Foi por esse caminho que eu fui me motivando a querer ajudar e entrar na área da saúde, trabalhar direto com pessoas e ajudar pessoas mesmo!”, declarou o jovem e futuro médico.

Quando foi para São Paulo em busca da realização de seu sonho, Áliffe chegou para morar na comunidade Heliópolis, o maior bairro da capital paulistana, situado na Zona Sul, que tem cerca de 100.000 habitantes.

Áliffe no centro cirúrgico

“Primeiro, só eu me mudei de minha cidade e vim morar com meu tio que me motivou. Era um cômodo só, alugado: um quarto e o banheiro. Com o passar dos tempos meus outros parentes vieram. Meu irmão transferiu o curso pra cá e minha mãe veio logo em seguida. Depois meu pai veio”.

Áliffe disse que logo que chegou em São Paulo, ficou perplexo, sem acreditar que iria cursar medicina. Esse sentimento que tomou conta de seu coração foi gerado devido às várias tentativas de outrora sem sucesso.

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“Caiu a ficha mesmo quando fui fazer a matrícula, terminar de assinar toda a papelada. Era praticamente um sonho se realizando nos primeiros dias”, declarou.

Mesmo morando há alguns anos em São Paulo, tendo passado também boa parte de sua vida em Picos, ele enfatizou que se considera sim alegretense por vários motivos.

“Não só por ter nascido lá, mas porque foi lá que finquei raízes. É lá que tenho contato com as pessoas e as pessoas que mais gosto são de lá. A gente nunca deve esquecer de onde a gente saiu […]” salientou.

Desafios

No decorrer do curso, um dos obstáculos enfrentados pelo jovem foi a timidez. No começo tinha medo de falar durante as aulas de campo e ficava até mesmo pensando no que os pacientes iam pensar dele. “Isso para mim era um obstáculo”.

Hoje em dia já conseguiu superar muito, graças a sua bravura e a ajuda de seus colegas. “Quando a gente começou fazer as práticas iniciais, tinha hora que eu faltava tremer às vezes. Vários professores percebiam e ao relatar suas experiências de vida, de certa forma me confortava melhor”.

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Outra ajuda que recebeu de seus colegas foi com livros. Ele destacou que boa parte de seus amigos faziam doações. “70 a 80% dos livros que eu tenho eu ganhei de amigos que estudam comigo mesmo. Me ajudou demais”.

O jovem natural de Alegrete do Piauí fez uma revelação e destacou que “sempre tive pessoas para me ajudar, desde antes no pré-vestibular e até agora nesse curso também. Eu sou sempre cercado de pessoas que têm essa boa vontade de estar ajudando o próximo. Eu agradeço demais a essas pessoas”.

Além da timidez, a extensão – quantidade – do conteúdo de estudos também foi um dos pontos destacados como desafios.

A rotina diária de Áliffe hoje é bastante variável. De segunda a sexta-feira, em média, o horário se estende das 08h às 18h e vai até mesmo às vezes, às 23h. Isso varia e se dá por conta das experiências em diferentes hospitais, especialidades e serviços. Dentro disso ainda tem os plantões obrigatórios.

Empatia

Além do conhecimento científico que está adquirindo, há uma outra virtude do jovem futuro médico. O cuidado com o próximo, a empatia: o lado humano em sua essência.

“Muitas vezes o que eles [pacientes] precisam mais é que tenha alguém para escutar eles: falar de suas angústias, dos problemas, que no primeiro momento dá um alívio. Sempre fico interessado em saber de onde é, com quem mora, quais os problemas psicossociais que está passando no momento […] eu gosto de olhar de uma forma geral, não só do ponto de vista da doença, mas saber se tem parentes que se importam com eles, se é amado por outras pessoas. Não tem como não me colocar no lugar”.

Incentivos de infância

Em escola pública, seus primeiros passos na vida estudantil começaram na creche de Alegrete. Uma boa recordação que carrega sempre é da professora Tia Alba. “Eu adorava ir para escola mas por conta dela. Ela foi uma motivação e depois que eu tive que ir para outra escola eu sentia a falta dela. Pessoas como ela sempre existiram na minha vida”.

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Áliffe quando criança residente na rua Dirceu Arcoverde no Centro de Alegrete

Na boa parte do tempo que estudou em Picos passou pela Unidade Escolar Miguel Lidiano. Suas recordações trouxeram à tona os incentivos do professor Paulo Guilherme.

“Ele acreditava em mim. Sempre deu essa confiança. Nas reuniões com os pais ele dava confiança para eles, tipo: investe no seu filho, acredita nele que ele consegue. Vai dar certo”, recordou.

Já no ensino superior, destacou a professora Anaita Rocha do curso de Fisioterapia. “Ela sempre me apoiava muito também. Quando chego aqui em São Paulo é da mesma forma: apoiado por professores e pelos meus amigos”.

A mãe, Anísia Maria, está muito orgulhosa com o filho e revela que ele é uma bênção dada por Deus.

“Eu tenho certeza que meu filho vai ser um grande médico porque a essência dele é boa, humilde, tem um coração bom e o que ele tem nesse coração é muita coisa boa, é um homem de fé. É muita felicidade. Esse menino nasceu no dia 09 de maio, no dia das mães. Deus me dava essa bênção, essa luz que ia iluminar minha vida e a vida de toda minha família porque ele é o meu orgulho, do irmão, do pai, e de toda família. Então é gratidão a Deus pelos filhos que me destes. Meu filho sonhou, buscou, lutou pelo sonho, trazendo na bagagem muita força de vontade, honestidade e coragem”, comentou a mãe.

O pai Francisco Moreira ao lado do filho Áliffe e da esposa Anísia

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