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Clicks do Mês

SÃO JULIÃO | Clicks do Mês registra a história de Luiza Milena, jovem que venceu o câncer duas vezes; confira!

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Pequena, mas com uma força gigante. Com apenas 11 anos de idade, ela iniciou uma luta contra um inimigo que chegou inesperadamente e mudou sua vida e a de sua família: o câncer.

Da sua cidade ela teve que sair para ir morar em Teresina, onde vivenciou uma das fases mais difíceis de sua vida. A menina, a partir daquele momento, teria que ter a braveza de uma mulher.

Luiza Milena da Costa Moura, é o nome dela. Hoje, com 22 anos, a jovem da cidade de São Julião, é exemplo por sua trajetória de superação, após ter vencido o câncer por duas vezes.

Luiza, que é filha de Elmiro Francisco de Moura (em memória) e Marilene Francisca da Costa, e esposa de Tandley Cavalcante, é quem concede ao projeto Clicks do Mês, a oportunidade de registrar mais uma bela história.

Milena teve câncer na perna, o osteossarcoma, que foi descoberto no ano de 2010, quando ela tinha apenas 11 anos. “Descobri o câncer em 2010, quando tinha 11 anos. Eu era uma criança, então não entendia bem. Achava que era algo que eu ia para Teresina, tomava alguns remédios e vinha embora. Antes de descobrir que era câncer, minha perna inchou muito e eles disseram que eu ia fazer amputação, antes mesmo de saber de tudo. Então, eu pensei que faria a cirurgia e vinha embora, mas depois, com a biópsia e uns exames mais aprofundados, descobrimos que era o câncer, o osteossarcoma”.

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Com o diagnóstico, Milena logo iniciou a quimioterapia, que durou mais de 1 ano. Nesse processo ela foi vitoriosa e obteve a cura da doença, mas 3 anos depois, sua perna voltou a inchar e doer e ela teve que encarar a notícia de que o câncer havia voltado.

“Daí eu fui transferida de hospital e comecei a fazer a quimioterapia, em abril de 2010, em Teresina. Eu fiquei lá durante 1 ano e uns meses fazendo e fiquei boa, curada. Estava tudo bem, eu só ia de 6 em 6 meses fazer revisão, exames, consultas. Mas em 2013 o meu tornozelo da mesma perna começou a inchar bastante, doer, como da primeira vez, só que quem ia imaginar que era de novo ? Fiz uns exames e realmente era”.

Com o retorno do câncer, Luiza, aos 14 anos, teve que fazer amputação da perna. “Na primeira cirurgia eu não amputei, coloquei uma endoprótese, que é uma prótese junto com o osso, onde fiquei com minha perna normal. Mas nessa segunda vez, em 2013, tive que amputar. Eu tinha 14 anos. Foi um susto, eu era adolescente. Meu pai começou a esconder de mim porque estava com medo, então fui a última a saber e fiquei um pouco revoltada com isso, tive que ir até na psicóloga. Mas, foi mais no momento que ele me contou, depois o médico me falou e eu aceitei”.

Apesar do susto no primeiro momento, depois, em uma demonstração de força, Milena aceitou de cabeça erguida. “Eu disse ‘vamos lá”. Não fiquei com raiva, nem muito triste, pois eu já tinha ciência que era aquilo ou morrer, porque o câncer é assim, traiçoeiro. Fiz a amputação no dia 30 de abril de 2013. Fiz seis quimioterapias, até dezembro de 2013, e foi um período muito difícil”.

Após a cirurgia, mais uma vez ela teve que enfrentar o tratamento de quimioterapia e mesmo frágil, se fazer forte. “Quando a gente faz a quimioterapia os glóbulos vermelhos baixam, as plaquetas também, e aí a gente pode sangrar, criar manchas roxas, pegar infecção, gripe. E eu vivia com essas taxas baixas. O normal de plaquetas é 150 mil e eu cheguei uma vez a 3 mil. Os leucócitos o normal é 10 mil e cheguei a ficar apenas com 50. Foi uma fase terrível” lembra ela.

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Para ela, a rotina de estar sempre no hospital foi o mais difícil. As reações eram muitas e sempre faziam com que ela tivesse que voltar para lá. “Os mais difícil para mim foi ficar internada. Eu fazia quimio de 5 dias, e aí eu passava muito mal, porque tem reações. Tinha mal estar, às vezes ficava com febre, vomitava bastante. Eu tinha todas essas reações, então quando ia embora, 1 dia depois voltava para internar com febre. Passava 8, 15 dias internada e quando saia, 2 dias depois tinha que voltar para tomar remédio. Ficava sempre naquela constância, tomando remédio e voltando com febre”.

As agulhas que precisavam ser usadas em seu corpo constantemente, também maltratavam. “Foi o período mais chato, eu odiava ficar lá. Maltratava muito, eu não tinha veia porque era muito furada, na perna, braço, mão, pé, era umas 10 furadas de uma vez para achar veia. Isso era o que maltratava mais. Eu fiquei muito debilitada, cheguei a pesar 25 quilos e a andar de cadeira de rodas”.

O cabelo, tão precioso para a maioria das mulheres, ela perdeu totalmente nos dois tratamentos. Mas, ela não se abalou, pois sabia que cada fio renasceria.”Perdi o cabelo na primeira internação. Foi caindo, mas eu já estava preparada, porque já tinham me dito, eu já estava vivendo naquele ambiente, onde tinha outras crianças, então já não era tão diferente. Eu falei para o meu pai que estava caindo e ele disse ‘não minha filha, ta bom, depois cresce’. E cresceu mesmo, ficou enorme. No segundo tratamento caiu de novo, mas foi normal. Lá era bom porque todo mundo estava careca, aqui é que olhavam muito, mas nada que causasse tanta estranheza. Até porque eu não saia muito, ficava mais em casa com minha família”.

Luiza contou que em Teresina, ela morava em uma instituição chamada Lar de Maria. Em meio a toda turbulência vivenciada por ela, o lugar teve realmente o papel de lar, pois era onde ela encontrava aconchego, amor e sorrisos.

“Eu morava numa instituição chamada “Lar de Maria”, que é uma rede que acolhe crianças e adolescentes que fazem tratamento do câncer. É uma ONG filantrópica que acolhe os pacientes e os pais. O lar foi muito importante para mim. O tempo que eu conseguia ficar forte eu ficava lá, e tinha passeios, festinhas. Todo mês tinha a festa dos aniversariantes. E isso era que mantinha a gente feliz, interagindo com as coisas e ajudava a gente não se abater”.

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Sua fortaleza para enfrentar a batalha também estava em seus pais, que estiveram com ela em Teresina durante todo o período de cuidados. “Meus pais estavam comigo lá. Pai ficava uns meses, vinha embora, aí vinha minha mãe e ficava uns meses e seguia assim. Quem ficava a maioria do tempo era pai, porque eu morava com ele. Ele chegou a ficar 3 meses seguidos sem vir para casa e eu fiquei 5 meses sem vir. Meu pai vinha e eu ficava lá. A maioria do tempo foi ele que me acompanhou, porque minha mãe trabalhava, morava sozinha e tinha que se sustentar”.

Seu Elmiro e dona Marilene deixaram transparecer ainda mais o grande amor pela filha e de tudo fizeram para que o sorriso no rosto dela em momento algum se desfizesse. “Meus pais foram muito importantes nesse momento, porque a gente se apega mais e às vezes até uma piada para alegrar ajuda. Meu pai sempre dizia que não queria que eu ficasse triste e ele não deixava. Meu pai e minha mãe sempre procuravam me manter assim, sorrindo. Eles viviam sempre contando coisas pra que eu ficasse feliz, me presenteando (risos), me levando para passear”.

Com o amparo vindo do Criador, sua vontade de viver e o apoio que recebeu da família, Milena conseguiu vencer o câncer mais uma vez. E da trajetória de batalha enfrentada, ela saiu fortalecida.

“Da forma como me viram, para me ver na cura, foi uma realização, todo mundo agradeceu a Deus. Fizeram muitas promessas, uma que paguei foi ir para Canindé vestindo bata, levei pernas de pau, assisti a missa descalça. Mas não foi sacrifício, foi muito bom. Nós sempre tivemos muita fé. Lá no Lar de Maria também sempre tinha oração, missa, às vezes iam evangélicos também, e a gente sempre estava rezando, pedindo”.

Após a amputação ela disse que várias pessoas sentiram pena, mas ela, mantendo-se firme, decidiu que nada a faria se sentir inferior. “Na amputação ficou todo mundo com pena, mas eu não queria, então não ficava me lamentando. Estava sempre sorrindo, dizendo “ah, tá tudo bem, era para ser e estou bem assim”. A primeira coisa que disse era que não queria que ninguém sentisse pena de mim, e meu pai disse “então não faça por onde”, e eu não faço (risos). Como nunca fiquei fazendo corpo mole, reclamando, ninguém ficou me tratando diferente. As pessoas ficaram sentidas, porque me conheciam, sabiam de quanto eu lutei, mas com o tempo todo mundo se acostumou”.

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Porém, ela ainda teve que se defrontar com olhares e palavras negativas. “Antigamente as pessoas me viam e diziam ‘tadinha, tão novinha’. Eu sempre tentei que isso não me afetasse, mas no fundo a gente acaba deixando entrar um pouco e as vezes eu ficava meio cabisbaixo com todo mundo olhando. Lembro que uma vez levei uma queda no cinema e todo mundo sorriu, foi horrível. Era isso, as pessoas olhando apontando. As crianças eu não me importo, mas adulto não, adulto tem maldade, olha, sorri, aponta. Já ouvi que sou bonita, mas como não tenho uma perna… Uma pessoa já me disse que eu não era ninguém. Mas tento não me abater, me manter por cima diante das coisas ruins” contou.

Luiza ainda falou sobre o seu parceiro de vida. Ela conta que ele sempre foi compreensivo e que sua perna amputada nunca fez com que houvesse indiferença entre eles. “Conheci o Tandley no curso técnico, começamos a namorar em 2017, na formatura. E foi super normal, não teve esse negócio de estranheza, ele sempre foi muito bom nessa questão, nunca me escondeu, não perguntava nada que eu não quisesse falar a respeito do assunto”.

O casal ainda enfrenta desafios, mas diante de todos eles é o amor que sempre resiste. “Teve gente que falou que ele era muito corajoso em namorar comigo, que era muito impressionante que ele quisesse me namorar. Ainda hoje tem gente que fala, admira quando nos vê passando. Diz “ave maria, é impressionante como ele quis assumir”, como seu eu fosse um ‘E.T’ (risos). Mas, a gente vai levando né e seguindo nossa vida sempre”.

O relato de sua história ela encerrou dizendo que é grata pela cura que alcançou. “Eu sempre tive muita força e vontade de viver. Não importava se eu tivesse que amputar mais uma perna, um braço, o importante era que eu vivesse. Sou grata por tudo. Faz 8 anos que estou curada, graças a Deus e sempre lembro com muito carinho de tudo. Às vezes dá até saudade das pessoas com quem convivia lá, dos lugares que andava” afirmou.

Sobre o Clicks do Mês, ela disse que o projeto da visibilidade às pessoas com deficiência e que participar do mesmo foi uma alegria. “Adorei participar, achei interessantíssimo o projeto, porque pessoas com deficiência sempre ficam à margem, excluídas, a informação e a visibilidade não chegam. E o Clicks do Mês da visibilidade, faz as pessoas conhecerem e verem com outros olhos. Muita gente vê um cadeirante, por exemplo, e pensa que a pessoa se resume aquilo, mas não, tem um horizonte de coisas que a pessoa pode ser. E muitas vezes as pessoas não conhecem porque não dão espaço, e o projeto é importante por isso, traz visibilidade, um espaço que muitas vezes a gente não tem. E ainda aumenta a autoestima, com um ensaio desse (risos)”.

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Veja as fotos do Clicks do Mês de Junho: 

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