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Três vítimas no trânsito de THE e um bêbado na direção: conheça o acusado que foi solto por R$ 7 mil

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Três vítimas. Duas mortes e uma recuperação. Um irresponsável no trânsito e sua liberdade custeada por R$ 7 mil. No último domingo (26/06), a Avenida Miguel Rosa, no centro-sul de Teresina, serviu de cenário para um fato que abalou os teresinenses. Membros do coletivo cultural “Salve Rainha” foram atingidos por um veículo em alta velocidade. Bruno Queiroz faleceu, seu irmão e fundador do grupo, Francisco das Chagas Junior, estava em coma no Hospital de Urgência de Teresina (HUT) e teve a morte anunciada por volta de 19h desta quarta-feira (29/06), e o jornalista Jader Damasceno, já em estado estável de saúde, se recupera no hospital particular São Marcos, coberto pelo plano de saúde da família.

Vítimas eram membros do coletivo Salve Rainha (Foto: Reprodução Facebook / Montagem O Olho)

Vítimas eram membros do coletivo Salve Rainha: Bruno, Júnior e Jader, respectivamente da esquerda para a direita (Foto: Reprodução Facebook / Montagem O Olho)

Nos quatro cantos da capital do Piauí, destacam-se boletins médicos, vídeos do local do acidente e especulações sobre testemunhas. Ao mesmo tempo em que a população se pergunta quem é esse Moaci Moura da Silva Júnior, que após dirigir alcoolizado em uma via de grande movimento de Teresina e ter causado grandes estragos nas vidas de muita gente, simplesmente sumiu do mapa. Perguntas surgem da população. “Quem é?”, “Onde está?”, “Foi embora da cidade?”.

O Olho foi buscar essas respostas e encontrou barreiras para obter informações sobre o acusado: um jovem de 27 anos, de classe média alta, morador de uma bela casa amarela na zona sul de Teresina. Muros e cercas elétricas os protegem da realidade aqui fora. Ele dirigia um modelo Corolla, cor preta. Não era dos modelos mais novos, mas que, dependendo da versão, pode custar entre R$ 40 mil a R$ 60 mil.

O patrimônio da família e uma legislação frágil podem ter contribuído para eximi-lo de certas responsabilidades. Não somente com a Justiça, mas principalmente com os sonhos das vítimas que, em pouco tempo, se transformaram em pesadelos. Vítimas estas, vale lembrar, que estavam em um Fusca, um modelo bem antigo, que não chega a custar mais que R$ 10 mil (estando bem conservado). Muitas fontes evitaram se pronunciar ou ter o nome revelado. O advogado da família não foi localizado para falar.

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Moaci mora em casa de classe média alta na zona sul de Teresina (Foto: Édrian Santos / O Olho)

Moaci mora em casa de classe média alta na zona sul de Teresina (Foto: Édrian Santos / O Olho)

MÃE E PAI DO ACUSADO ESTÃO ABALADOS

Em visita à casa da família Moura da Silva para ouvir a versão do acusado, a reportagem não foi bem recebida. A irmã do Moaci Junior, que se identificou apenas como Viviane, relatou à equipe que ninguém tem nada a declarar, exceto perante a Justiça. “Olha, nós não temos nada para declarar. Tudo bem? O que nós temos a declarar será feito em Juízo”, enfatizou.

Por outro lado, Viviane relatou ao O Olho que os seus pais, bem como toda a família, estão profundamente abalados com o ocorrido e pediram que não fossem importunados. “Eu gostaria que vocês não importunassem porque a mãe está muito abalada e o meu pai também”. Enquanto a reportagem tentava colher depoimentos da vizinhança, Viviane saiu à rua e tentou impedir a equipe de continuar seu trabalho. Gritos de retaliação soaram para que as investigações cessassem. “Mãe, liga para a polícia. Se vocês [reportagem do O Olho] não saírem, eu vou chamar a polícia”, ameaçou.

Acidente matou Bruno Queiroz e Júnior, deixando Jader em estado grave. Vídeo mostra Corolla em alta velocidade (Foto: Reprodução O Olho)

Acidente matou Bruno Queiroz e Júnior, deixando Jader em estado grave. Vídeo mostra Corolla em alta velocidade (Foto: Reprodução O Olho)

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DE ESTUDANTE A ALGEMADO

Moaci Junior estudava Publicidade na faculdade Estácio, vinculada ao Centro Universitário de Teresina (Ceut), no bairro São João, zona sudeste da capital. Em contato com a coordenação de curso desta instituição de ensino superior, tivemos a informação de que ele havia trancado o curso. Quem nos atendeu não soube especificar quando. Outros dois alunos que estudaram alguns períodos com o causador do acidente deram informações mas preferiram manter o anonimato.

Um dos estudantes relata que Moaci Moura da Silva Junior não era um aluno exemplar. Segundo ele, Moaci quase não se fazia presente nas aulas. Quando ia à faculdade, ele não mantinha tantos relacionamentos com os colegas de turma. “Ele era um cara na dele. Ele não interagia muito não”, disse o entrevistado.

 

Colegas de turma relatam que acusado não era aluno exemplar, com muitas faltas e pouco empenho (Foto: Reprodução)

Colegas de turma relatam que acusado não era aluno exemplar, com muitas faltas e pouco empenho (Foto: Reprodução)

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O outro entrevistado, com discurso semelhante ao anterior, destacou que Moaci Junior havia iniciado o curso antes dele, mas por ficar reprovado, estudaram por mais ou menos um ano juntos. Suas observações nas aulas eram de um aluno com muitas faltas e com pouco empenho acadêmico. “Ele pagava disciplina comigo porque ele era reprovado e acabava pagando disciplina com a gente. A gente nunca teve uma ligação próxima. Ele era muito na dele, fazia as coisas dele e ia pouco também para as aulas. Faltava muito”, completou.

Além das características acadêmicas, Moaci Junior frequentava um bar que fica próximo à faculdade. O espaço é conhecido como Bar e Restaurante da Lindalva e é famoso por ter como público alunos que estão em horário de saída ou chegada das aulas.

CHANCE DE FUGAS

Os colegas de Moaci também levantaram a hipótese de que ele pode não estar em Teresina, justamente pelo fato de ter condições financeiras que possam proporcioná-lo uma viagem em meio a repercussão do caso.

O Olho entrou em contato com a Delegacia de Repressão aos Crimes de Trânsito (DRCT), por meio da delegada Cassandra Moraes Souza para perguntar sobre a possibilidade de Moaci Junior sair da cidade e se isso é legal. A delegada, por sua vez, relatou que não se lembra de existir alguma restrição sobre a sua saída de Teresina. “A decisão do juiz é que diz se ele pode ou não. Mas eu não lembro de constar isso na decisão se ele não puder”, pontuou.

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(Montagem O Olho)

Local do acidente: conversão feita por Fusca estava correta (Foto: Reprodução Google Maps/O Olho)

Delegada Cassandra diz que acusado não vai fugir das suas responsabilidades (Foto: Reprodução)

Delegada Cassandra diz que acusado não vai fugir das suas responsabilidades (Foto: O Olho Imagens)

“NÃO TEM PERFIL DE FUGITIVO”, DIZ DELEGADA

A delegada alerta que o causador do acidente não vai fugir das suas responsabilidades. Segundo a oficial, essa postura não é do seu “perfil”, pois ele já possui um advogado que está cuidando do caso. “Ele não vai fugir da responsabilidade não. Ele não tem esse perfil. Ele tem advogado, ele tem tudo acompanhando o caso”, ressaltou.

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Enquanto a delegada afirmava que Moaci Junior não fugiria das suas responsabilidades, a Companhia Independente de Policiamento de Trânsito (Ciptran) disse ao O Olho que imediatamente após o acidente, quem o causou tentou sair do local do crime, sendo preso cerca de 200 metros depois pela Força Tática do Primeiro Batalhão da Polícia Militar (1º BPM).

“Nesses sentidos, eles sempre tentam fugir. Ele [Moaci Junior] saiu do local e a Força Tática da Polícia Militar o prendeu mais à frente”, disse a tenente-coronel do 1º BPM, Elza Rodrigues.

Concordando com o exame sanguíneo feito pelo Instituto Médico Legal (IML), que constatou embriaguez alcóolica aguda do acusado, pondo em risco a vida de outras pessoas, a tenente-coronel afirmou que Moaci Junior estava com sintomas visíveis de uma pessoa que ingeriu grande quantidade de bebida alcóolica.

Laudo do IML diz que Moaci seria um perigo a outra pessoas (Foto: Reprodução / O Olho)

Laudo do IML diz que Moaci seria um perigo a outra pessoas (Foto: Reprodução / O Olho)

ACUSADO FICOU CALADO NA DELEGACIA

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Acusado optou por não falar na delegacia (Foto: Reprodução)

Acusado optou por não falar na delegacia (Foto: Reprodução)

A delegada disse que todo o caso é de fácil elucidação, principalmente após a divulgação das imagens do acidente. O que se esperam são os resultados da perícia, que têm entre 10 e 30 dias para serem divulgados. Ela ainda relatou ao O Olho que logo após os laudos dos investigadores, poderá dar um parecer sobre o caso. Cassandra pontuou que durante o depoimento, o acusado permaneceu calado, como a Lei o garante.

Cassandra destacou que as causas do acidente ainda não estão claras, de forma que ela só trabalha com os fatos concretos. Na ocasião, a delegada afirmou que alguém cometeu um erro e que algum carro avançou o sinal vermelho, o que será constatado, segundo ela, somente após a conclusão dos trabalhos da perícia. “Que alguém invadiu o semáforo, isso é lógico. Se não fosse isso, nós não teríamos o acidente”.

MORTE FOI CONFIRMADA NA NOITE DE QUARTA

Após três dias de internação, notícias boas e ruins foram destaques quanto aos sobreviventes do acidente. Imediatamente, o Francisco das Chagas Junior e o Jader Damasceno foram encaminhados ao Hospital de Urgência de Teresina (HUT). Ambos estavam em estado grave, mas o jornalista já apresenta quadro de melhoras. Do outro, o fundador do Salve Rainha teve a morte encefálica confirmada pela direção do Hospital de Urgência de Teresina (HUT) às 18h38min.

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“Após a detecção de ausência de reflexos de tronco encefálico, depois da retirada de sedativos, a equipe médica do HUT avaliou o quadro e decidiu abrir o protocolo de morte encefálica, ao meio dia de hoje (29). O protocolo, conforme a resolução n° 1.400, de 08 de agosto de 1997, do Conselho Federal de Medicina (CFM), é composto por duas avaliações clínicas neurológicas e um exame de imagem confirmatório. Todas avaliações deram compatíveis com parada de atividade circulatória cerebral, ou seja, confirmando assim o diagnóstico de morte encefálica”, diz boletim médico.

Um carro modelo Corolla passou em alta velocidade e colidiu com o Fusca onde os três jovens estavam (Foto: Reprodução WhasApp)

Carro do causador do acidente era um Corolla que custa cerca de R$ 50 mil e o Fusca, modelo mais antigo, completamente destruído (Foto: Reprodução)

Júnior deu entrada no HUT aproximadamente a meia-noite do dia 27, com quadro de fratura de fêmur e da tíbia direita, além de traumatismo craniano com hemorragia cerebral, lesão axonal difusa e fraturas múltiplas de face. Ele apresentava midríase fixa bilateral, quando a pupila não reage mais a estímulos. Todos os exames e procedimentos foram realizados, sendo imediatamente encaminhado para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde permaneceu internado até hoje.

Morte de Junior pode ser confirmada ainda na madrugada desta quinta-feira (Foto: Reprodução Facebook / Montagem O Olho)

Morte de Junior foi confirmada na noite desta quarta-feira pelo HUT (Foto: Reprodução Facebook / Montagem O Olho)

O Olho

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