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POLÍCIA

Analista judiciária foi vítima de crueldade ao levar 13 facadas, diz delegado

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A Polícia Civil do Piauí informou, nesta quinta-feira (19), que o crime contra a analista judiciária Tainah Luz Brasil pode ser julgado com as qualificadoras de feminicídio e emprego de meio cruel. Um dos indícios é que, segundo o laudo da perícia criminal, a vítima foi morta com 13 facadas.

Para o coordenador do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), delegado Francisco Costa, o Baretta, a quantidade de ferimentos indicam que Tainah foi assassinada “de forma cruel e com sofrimento”.

“A gravidade está estampada na materialidade do crime. É fácil dizer que agiu em legítima defesa. Foi perguntado se foi por meio insidioso ou cruel e o médico legista respondeu que ‘a multiplicidade dos ferimentos sugere sofrimento desnecessário da vítima, inferindo meio cruel’”, comentou Francisco Costa.

“Isso pode gerar uma nova qualificadora, além do feminicídio, porque, se houve sofrimento para a vítima, é um outro elemento do tipo penal”, destacou o delegado.

Tainah Brasil de 27 anos morreu no HUT ao não resistir as facadas desferidas em Teresina  — Foto: Arquivo pessoal

Tainah Brasil de 27 anos morreu no HUT ao não resistir as facadas desferidas em Teresina — Foto: Arquivo pessoal

O coordenador do DHPP informou ainda que duas facas “tipo peixeira” foram apreendidas e encaminhadas para a perícia criminal.

“A Polícia Militar arrecadou duas facas tipo peixeira que foram encontradas no local do crime. Foram entregues no auto de prisão em flagrante e ficaram apreendidas. Ela foram encaminhadas para a perícia criminal, que vai analisar se nas duas havia sangues diferentes”, explicou Baretta.

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Defesa diz que acusada tomou faca utilizada por vítima

A defesa da jovem Geovana Thais Vieira da Silva, suspeita de matar a analista judiciária Tainah Luz Brasil, diz que ela cometeu o crime em legítima defesa, em uma tentativa de proteger a namorada Fernanda Ayres, com quem a vítima manteve um relacionamento anos antes.

Geovana Thais Vieira da Silva prestou depoimento no DHPP, em Teresina — Foto: Wesley Igor

Geovana Thais Vieira da Silva prestou depoimento no DHPP, em Teresina — Foto: Wesley Igor

Ao g1, a advogada Lívia Veríssimo contou que, no dia do crime, Geovana e Fernanda estavam juntas e, desde o início da tarde, ingeriam bebidas alcoólicas. Tainah chegou na casa de Fernanda por volta de 22h30. O ambiente, conforme a acusada, estava “saudável e descontraído” inicialmente.

“A Geovana lamenta muito o que aconteceu, foi realmente uma fatalidade. Ela diz que durante a noite e início da madrugada, todas estavam bem, conversando amigavelmente. Até que a Tainah decidiu fumar e ficou sozinha com a Fernanda em um cômodo da casa, a Geovana foi pegar um fósforo na cozinha”, afirmou.

Ao retornar, conforme a defesa, Geovana encontrou Fernanda e Tainah discutindo. A suspeita alega que Tainah segurava uma faca e ameaçava agredir a ex-namorada. Pouco depois, efetuou alguns golpes.

Para defender a namorada, Geovana teria corrido e tentado interromper as agressões.

“A Tainah ficou sozinha com a Fernanda. Nesse momento, segundo a defesa da Fernanda, Tainah teria tentado beijá-la, o que provocou uma briga. Havia uma faca em cima de uma mesa da casa e Tainah pegou. Geovana viu a Fernanda sendo atacada e correu, tentou empurrar, separar as duas. Sem conseguir, ela retornou pra cozinha e pegou outra faca”, explicou.

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A segunda faca, no entanto, teria caído das mãos de Geovana e não chegou a ser utilizada.

“A faca caiu no meio do caminho. Ela não pegou e voltou a tentar tirar a Tainah de cima da Fernanda com as mãos. Na confusão, a Tainah perdeu a faca que tava usando. Então, a Geovana pegou essa faca e, no desespero, perdeu a noção e perfurou a Tainah”, disse.

Após golpear Tainah, Geovana teria corrido até um hospital próximo, para pedir ajuda.

“Tem um hospital a cerca de um quarteirão de distância da casa. A Geovana foi lá, pediu ‘pelo amor de Deus’ pra socorrerem a Tainah e a Fernanda. Ela não teria feito isso se tivesse a intenção de matar”, completou.

Crime aconteceu em residência no bairro Mocambinho, Zona Norte de Teresina — Foto: Ilanna Serena/g1

Crime aconteceu em residência no bairro Mocambinho, Zona Norte de Teresina — Foto: Ilanna Serena/g1

g1 entrou em contato com o advogado de Fernanda Ayres, Eucherlis Teixeira, que preferiu não se pronunciar. Anteriormente, ele também declarou que a situação ocorreu em legítima defesa, após Tainah tentar beijar a ex-namorada e provocar uma briga.

“A Geovana ao ver Fernanda sendo agredida, tentou defendê-la. As investigações estão em andamento, mas a minha cliente está sendo acusada de envolvimento na morte, ela está na qualidade de declarante”, disse.https://753327b817014b0a564b2712c9016d62.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

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Pai contesta tese de legítima defesa

O pai de Tainah Luz Brasil, o jornalista Marcelo Rocha, relatou, nesta quinta-feira (18), como soube da morte da filha e pediu por justiça. Para ele, o crime não possui características de legítima defesa.

Pai de Tainah Luz Brasil, o jornalista Marcelo Rocha, não acredita em legítima defesa — Foto: Ilanna Serena/g1

Pai de Tainah Luz Brasil, o jornalista Marcelo Rocha, não acredita em legítima defesa — Foto: Ilanna Serena/g1

Ao g1, Marcelo relatou que esteve no local do crime na segunda-feira (16) e conversou com vizinhos da ex-namorada da vítima, que acionaram a polícia após ouvir pedidos de socorro durante a madrugada de domingo (15).

Segundo o pai, vizinhos, inicialmente, encontraram a ex-namorada de Tainah, Fernanda, sentada na calçada com manchas de sangue e ataduras nos braços.

“Um dos vizinhos disse que, por volta das 2h58, começou a ouvir gritos. Ligou pra uma prima, que morava na mesma casa. Ela foi olhar pela fresta do portão e viu que a Fernanda tava sentada na porta da casa. Eles ligaram pra polícia, abriram a porta e foram socorrer”, relatou.

Em seguida, de acordo com Marcelo, as testemunhas viram Tainah deitada no chão do terraço da casa, ensanguentada, pedindo por ajuda. A jovem teria dito “me tira daqui, elas vão me matar”.

“Ela estava com os braços cortados, o abdômen sangrando muito. Teve um vizinho que foi lá, quando chegou pra tentar socorrer, teve até uma ânsia de vômito. Antes da polícia chegar, Geovana chegou, tava vindo de um hospital, e falou pra vizinha ‘o que você tá fazendo aqui?’, e ela respondeu ‘eu já chamei a polícia’”, continuou Marcelo.

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Conforme o relato das testemunhas, Fernanda teria pedido calma à Geovana e dito que ela não seria presa, pois a situação ocorreu em legítima defesa.

“Não é exagerada não essa legítima defesa? Você perfurar uma pessoa mais de cinco, sete, 10, 13 vezes. Não sei o que aconteceu lá, eram três pessoas. Acredito que a polícia com sua investigação vai chegar ao denominador comum, à quase verdade, porque duas têm hoje o que falar. A Tainah não tem mais, mas espero que a justiça seja feita”, completou o pai.

Fonte: G1 PI

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