Reprodução de avoantes é ameaçada por caçadores em São Julião

É cultural aqui no Nordeste brasileiro a caça às avoantes. Todo ano, na época das chuvas, essas pequenas pombas migram para nossas terras em busca de alimento, água e um local propício à reprodução. Nesse mesmo período, o instinto nordestino de caçar a diminuta ave, seja pelo consumo, esporte ou comercialização renasce, e, apesar de ser proibido por Lei, o abatimento das mesmas têm sido muito grande.

Esse ano um pombal se instalou em São Julião na localidade Emparedade. Milhares desses pássaros se amontoam em léguas de terras fazendo seus ninhos no chão. Na sua nidificação a avoante se aglomera e deposita seus ovos num alvoroço barulhento e ao mesmo tempo, muito bonito. Cada avoante põe dois ovos, que chocam, na maioria das vezes, sozinhos, sob o calor da mata, do sol e, é claro, do amontoamento das mesmas que rodopiam e fazem voos rasantes em bando. Além de enfrentarem seus predadores naturais o pássaro ainda tem que lidar com a ação predatória do homem. Muitos caçadores aproveitam do ciclo de reprodução da avoante para invadir o pombal caçando-as de todas as formas e maneiras.

Imagem: Jeremias Carvalho

Ninho da avoante é no chão com pequenos galhos secos

De acordo com “Seu Alencar”, morador próximo de onde se instalou o pombal, por lá, já se passaram de tudo, desde adultos caçando com espingardas artesanais a crianças com a popular baladeira. “Outro dia, um grupo de pessoas vieram à noite, e munidos de equipamentos como lanternas e sacos, levaram uma quantidade enorme de avoantes”, declarou o agricultor aposentado. “Seu Alencar” informou ainda que por enquanto nenhum órgão fiscalizador oficial passou por aquela localidade. “Por algumas vezes a Policia Militar de São Julião esteve rondando por aqui, mas por conta de donos de roças terem denunciado caçadores que estavam destruíndo as cercas de suas propriedades”, declarou.

Imagem: Jeremias Carvalho

Avoante baleada morre no meio da mata

Enquanto isso a pequena ave migratória que no nordeste brasileiro é cantada e poetizada por artistas populares continua a sua luta pela sobrevivência. Desafiando seus predadores naturais, a seca nordestina que assola a todos e o seu principal algoz, o homem,  que além de caçá-las com fins comestíveis, comerciais ou a bel-prazer ainda pisoteiam seus ovos e vez por outra sequestram seus filhotes para engaiolá-los como ostentação. Só Deus na causa!

Imagem: Jeremias Carvalho

Durante a caça, caçadores pisoteiam ovos das avoantes!

Imagem: Jeremias Carvalho

“Caçadores vêm aos montes por essas bandas”, afirmou seu Alencar

Fonte: TV Canal 13/Jeremias Carvalho